Mais uma vez, chego até os senhores pais e responsáveis, para falarmos em limite, disciplina e cuidado com a educação de nossas crianças e adolescentes. Sei que não é fácil encarar, mas limitar os filhos, disciplinando-os nas questões cotidianas é amá-los de verdade.
Nós, educadores e pais, que somos responsáveis pela formação de nossas crianças e jovens, sabemos que não podemos ser “bonzinhos” o tempo todo. Sabemos que educar é impor limites, é dizer não, é não achar engraçadas situações embaraçosas em que os filhos estão metidos. Parece que as crianças e os adolescentes têm se aproveitado, e muito, de uma “certa folga” que estamos dando a eles, amparados na tese da “psicologia moderna” de que o mundo mudou e temos que ser flexíveis com os nossos filhos. Não podemos ser firmes e precisamos ser compreensíveis com as demandas atuais desse mundo contemporâneo. Será mesmo?
Crianças e adolescentes navegando na internet ou jogando vídeo game até de madrugada e deixando o quarto todo desarrumado é modernidade? Permiti-los a ter crises de nervosismo, quebrar objetos da casa e dar ordens aos pais e/ou responsáveis é ser flexível? Democrático? Deixá-los sem acompanhamento nos afazeres da escola em casa e não conhecer as famílias dos amigos é coisa do mundo contemporâneo? Veja... se entenderem assim, certamente terão problemas, os quais os levarão a buscar ajuda profissional. Os filhos necessitam de limites e ponto! Criar neles o hábito de estudo e de leitura, orientá-los a cuidar de seus pertences, a ter horários é obrigação nossa de pais e responsáveis. Temos que agir com firmeza e sem culpa!
Os pais costumam carregar culpas que distorcem a realidade. Chegam a pensar que os filhos não irão amá-los, se forem mais firmes com eles. Tentam recompensar a ausência por conta dos compromissos de trabalho, sendo maleáveis na educação dos filhos. Não façam isso, pois estão tirando dos filhos a “formação da responsabilidade” e o “senso do certo e do errado”. Você não pode ser culpado ou culpada por ter que trabalhar e muito para garantir o sustento e o conforto dos seus filhos. Você não pode sentir culpa nenhuma! Assim, não tenha medo de dizer não, de educar e disciplinar. Corrija a postura errada de seus filhos, ele irá agradecer amanhã. Não conheço nenhum filho na fase adulta que não tenha agradecido a disciplina recebida na infância. Saibam que seus filhos têm uma vida maravilhosa com tudo de bom que podem desejar e de tudo o que necessitam para serem eficientes e felizes. Por isso, não tenham culpa! Vocês trabalham para isso! Assim sendo, exijam dele(a), o que compete a ele (a): estudar, tirar boas notas, ser educado e disciplinado. Essa é a parte dos filhos; compete a eles isso. Exijam respeito em casa e obediência às suas orientações.
Com a nossa experiência em educação e com todo o tempo de minha vida que já passei em uma escola, sei que muitos pais têm dificuldades em estabelecer limites para os seus filhos, pois receiam que os filhos e a sociedade possam rotulá-los de castradores e intolerantes. Bobagem isso! Os limites são importantes na vida de nossas crianças e adolescentes, fortalecendo o eu de cada um que cresce em um ambiente organizado e hierarquizado, como tudo que terão de enfrentar no futuro. Serão profissionais, maridos e esposas, pais e filhos, líderes etc. Por isso mesmo necessitam da base sólida. Nós, adultos, sabemos que a vida irá cobrar horário, disciplina, organização e ainda nos colocará diante de perdas, frustrações e desilusões. Temos que estar prontos para enfrentar tudo isso.
Não tenham medo de dizer não! Sejam carinhosos com os filhos, mas nunca deixem de ser firmes quando assim for necessário. Você pode e deve dizer um NÃO de forma elaborada, sem culpa, explicando porque o NÃO é importante; faça isso e mantenha a sua posição! Mudar o NÃO pelo SIM não é bom. Tenha segurança e não se vença pelos argumentos. Pensar antes de dizer o NÃO é assumir a negativa para que os filhos saibam, de fato, quando o NÃO é NÃO. Se assim o fizerem, eles deixarão de ficar argumentando e aceitarão a sua fala. É isso... educar é ensinar as nossas crianças e adolescentes a saberem lidar com os diversos “nãos” da vida... que não serão poucos!
Bibliografia:
1. Cury Augusto. 12 semanas para mudar uma vida. São Paulo, Academia de inteligência, 2004.
2. Queiroz, Tânia. Educar uma lição de amor. São Paulo, Editora Gente, 2010.
3. Jagury, Tania. Educar sem culpa. 17ª edição. Rio de Janeiro. Ed. Record, 2001.