Eu sou um contador de histórias

Quando contamos uma “historinha” à criança, transferimos complexas analogias com a realidade da vida, que certamente influenciam, e muito, a visão de mundo de crianças. Um personagem, um conto ou narrativa podem impactar nossas crianças e jovens por toda a vida, por isso, precisamos contar história às nossas crianças, falando de cada personagem com alma, paixão, emoção e muito sentimento. Digo a você que os contos de fadas, as lendas e os mitos não são histórias bobas, apenas para divertir as crianças; são espelhos das experiências humanas e refletem sentimentos poderosos, trabalhando com estruturas emocionais, valores humanos, pré – conceitos e sentimentos dualistas. Em um sentido amplo, as “historinhas” contadas à criança desnudam o universo humano.

Eu sou um contador de histórias e faço isso sempre com os meus filhos. Contar histórias é permitir a eles estarem em contato com conflitos e desafios próprios da existência humana, de forma mágica. Eles aprendem com a história que na vida temos que enfrentar dificuldades, romper barreiras e lutar muito para que sejamos felizes para sempre. Aprendem a necessidade de buscarmos soluções para os problemas; com eles, aprendem também a compartilhar situações adversas e a transformar. Entendem que para crescer é preciso se transformar! Quantas vezes na vida real nós tivemos que nos transformar?

As histórias colocam as crianças frente a frente com o seu imaginário, oportunizando-as encontrar nos personagens traços das características humanas. Com elas, os pequenos enxergam a capacidade humana de adaptar-se às diversidades da vida e aprendem que, com fé, perseverança e coragem, serão vitoriosos em seus desafios. Mais do que isso, os personagens encantados servirão de exemplos que podem, no simbólico das crianças, ter mais força do que um conselho dos pais. As histórias estão carregadas de uma moral que educada, ensina e espelha a realidade da vida.

Os heróis e as heroinas, transcritos na história de criança e mesmo de adolescentes, ensinam que, para a realização de um sonho e a conquista da vitória, é preciso enfrentarmos os medos e as incertezas. Atuam no imaginário das crianças e dos jovens como um apoio, um reforço positivo, tirando-os da inércia nos momentos em que terão que atuar como personagens de suas próprias histórias. Esse auxílio importante advém da maneira como as personagens reagem diante de problemas que, na verdade, fazem parte do universo humano.

No mundo do “Era uma vez...”, os personagens explicitam sentimentos humanos, fraquezas, atos heróicos, incerteza, luta, humilhação, malvadeza, competição e tudo mais que é do mundo real dos seres humanos. Por isso, a importância desse exercício da imaginação.

 Transpor-se para casos irreais e fantasiosos, os que tratam das questões humanas e se preparar para enfrentar na realidade a vida, de fato, como ela é! Afinal, nos momentos mais difíceis de nossa vida, não seria ótimo a coragem dos heróis para vencê-los? Vencer um dragão para salvar uma linda princesa não seria tão difícil quanto encarar uma dificuldade na vida? De onde vem essa força? A motivação da vitória para a busca da felicidade é uma só: a vontade de ser feliz para sempre. É o que buscamos e é como as maiorias das histórias infantis terminam.

Assim, vai, então, uma dica: contem histórias aos seus filhos, permita-lhes sonhar e construir em seu íntimo uma base sólida capaz de lhe dar a segurança dos heróis, a capacidade de transformação e a busca da felicidade. Deixa-os imaginar um mundo possível e faça parte da construção desse mundo de sonhos. Seja parte desse mundo imaginário de criança e transponha as barreiras de sua imaginação também. Invente histórias com valores que quer passar a seus filhos e desfrute de momentos maravilhosos ao redor deles, faça seus filhos sonharem e sonhe junto com eles!.