Como sabemos, o mundo mudou muito mesmo. Fatores econômicos obrigaram as mães a buscarem o mercado de trabalho; são raras as famílias cujas mães não estão trabalhando, ou mesmo em outras atividades fora do lar. A modernidade dos novos tempos exige das mulheres muito mais do que criar os filhos e esperar os maridos. Dessa forma, tem diminuído muito a atenção na criação dos filhos. Isso é normal, faz parte do contexto mundial e não ficaremos fora dessa realidade.
Quando falamos em educação de nossos filhos, certamente falamos também em criação; educar é ação de criar, nutrir, cultivar o corpo, a mente e o espírito de um ser humano (Tânia D. Queiroz, pag. 19). Contudo, na corrida da vida, as famílias têm conseguido cumprir apenas com uma etapa do ato educativo, que é exatamente o de criar, alimentar, prover e sustentar. Muitas vezes nos sentimos felizes por isso, até porque nada é mais gostoso do que a sensação de segurança e paz que sentimos, quando temos a condição de suprir as necessidades de nossos filhos. Uma dessas necessidades é a Escola, que fica ao encargo da outra metade do ato educativo, que é a de fornecer informações, administrar conteúdos programáticos de acordo com a grade curricular e formar o caráter cidadão dos educandos. Assim sendo, os papéis estão mais ou menos partilhados da seguinte forma: A Família cria, provém; a Escola educa, no sentido de ensinar. Mas a quem está depositado o papel de ensinar no sentido dos valores da ética, da moral e da religião? A quem cabe ensinar os bons costumes e a boa conduta social?
A Escola, instituição de ensino, muitas vezes acha que somente à família cabe a educação para a vida. A Família, por muitas vezes, acha que pagando à Escola está no direito de transferir a ela a missão de educar e ensinar, muitas vezes eximindo-se das responsabilidades da formação dos filhos e culpando-a por alguma falha no processo. Sinceramente, essa é a realidade mundial e a questão tem sido discutida em fóruns educacionais em todo o mundo. Eu mesmo participei recentemente de um deles em uma associação da qual faço parte, e lá relembrei um fato que sempre me preocupou: Enquanto estamos discutindo as responsabilidades, nossas crianças crescem, esperando uma iniciativa. Eu tenho coragem, como pai e educador, de lançar um desafio: vamos dividir essa responsabilidade?
Se ficarmos atentos à mídia, vamos observar que existem projetos para tudo em andamento e que há destaque para todo tipo de consumismo cultural e apelo a tudo. Alguém vê na grande mídia espaço para debate e difusão de projetos educacionais? O que se fala em educação é sempre a mesma coisa: faltam verbas, investimentos, escolas estão arruinadas, há muita violência, os professores issos, os alunos aquilos, as salas assim, excesso no número de alunos... E os projetos educacionais? E o papel real da Escola? O que esperamos? Do que o país necessita? Pois é... eu também espero respostas! Por isso insisto no desafio: vamos dividir a responsabilidade?
A Escola ensina conteúdos de acordo com a grade curricular nacional, mas também educa. Valores que envolvem responsabilidade social, responsabilidade ambiental, liderança, respeito humano, cidadania, ética, respeito às diferenças, democracia, consciência crítica e muito mais, realmente, devem caber à Escola. Ensinar a disciplina, os valores pátrios, a cooperação são também atributos da Escola. Contudo, como pai e educador, entendo que à Família cabe valorizar tudo isso e reforçar em todas as suas ações diárias o que a Escola defende e ensina. À Família, não cabe só a provisão das necessidades dos filhos; a ela cabem todos os ensinamentos que vão desde bom comportamento social à etiqueta social. É sim da competência da Família as questões relativas à religiosidade e à moral, a educação no que tange as relações sociais e o que é certo ou errado em relação a vícios e virtudes, mas a Escola também tem que sentir-se responsável por isso.
Tá vendo? Não dá mesmo pra ser tudo da Escola ou tudo da Família. Por isso mesmo, estamos chamando todos a essa discussão. Vamos, então, alinhar nosso pensamento, trabalhando juntos no sentido de sermos uniformes em nossas ações, tanto na criação, quanto na educação de nossas crianças. Estamos no meio de uma grande revolução. Os costumes sociais mudaram e o modelo familiar foi alterado, principalmente com a figura da mãe, tendo que dividir espaço com a figura da profissional e da mulher moderna e atuante. Agora, mais do que nunca, é hora de essas duas instituições atuarem de forma cada vez mais completa na busca de formarmos, juntos, um ser humano feliz, que possa atuar conscientemente nessa realidade em que vivemos.
Por isso mesmo, eu, pai e educador, digo a você: reconheça a Escola de seu filho como seu aliado para enfrentar os novos desafios.
(Bibliografia: Queiroz, Tânia. Educar, uma lição de amor. Editora Gente 2010).
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