quarta-feira, 14 de agosto de 2013

Crianças espertas perguntam de tudo


Graças à “explosão da informação”, as nossas crianças estão expostas a fatos e experiências para os quais obviamente não estão preparados. O cognitivo e o afetivo (capacidade intelectual e emocional) não estão devidamente amadurecidos para absorção e compreensão do que estão recebendo de informação. Eles necessitam de dar sentido e organização às suas experiências, e o que vemos é que isso não tem acontecido. Estão sendo expostas às informações midiáticas, sem antes ter o grau necessário de amadurecimento para entendimento do assunto. Estão sem filtro! Nós, adultos, acreditamos que as crianças, assim como nós, fazem distinção do que parece ser evidente. Não funciona assim.
As primeiras perguntas das crianças começam por volta dos três anos de idade, quando começam a utilizar a linguagem para se expressar. Na teoria de Piaget, é na fase pré-operatório (3 a 7 anos) que as crianças começam a querer descobrir o mundo a sua volta. Passam a perguntar sobre objetos, depois nomes. Por volta dos quatro anos, já estamos na idade da indagação. Nessa fase elas descobrem que podem saber de tudo e ficam deslumbradas com a possibilidade da descoberta. Há uma perplexidade descoberta de que existe muitas coisas a saber. As perguntas são disparadas em série e às vezes até de forma desordenada. “As nuvens são feitas de quê”? “O que faz a gente crescer”? “Por que você passa essa coisa no cabelo”? Que maravilha! O mais interessante é que elas acreditam que os pais sabem tudo e têm todas as respostas. É nessa fase que querem saber de suas origens, das coisas vivas, dos irmãos etc. Querem saber da origem do bebê, das diferenças morfológicas entre os sexos e por aí adiante. O que temos que saber aqui, é que as respostas a essas perguntas não necessitam de muitos detalhes, pois é certo que não compreenderão. O que cabe aqui é a explicação básica, respostas objetivas. Geralmente a criança se satisfaz. Outro dia eu ri muito com um amigo que me contou que a filha havia perguntado de onde ela tinha vindo. Ele cuidadosamente e, segundo ele, didaticamente contou a concepção a ela. Já distraída pela demora da exposição, interrompeu o pai no final e disse:
̶ “Ah tá! Eu pensei que era de São Paulo. Você não falou outro dia que eu nasci em São Paulo”? Pois é, na verdade a pergunta era outra. Faltou a investigação do pai. Viu? Crianças... mundo fantástico!
Com seis ou sete anos de idade, as perguntas infantis vão diminuindo. Na verdade, depende muito da criança. Tenho uma menina de sete anos e outra de dez que perguntam e muito. Muda o conteúdo, querem saber de coisas variadas que ouviram falar ou viram em um filme por exemplo. Perguntam a respeito do que as amigas comentaram. Querem entender melhor o que se passa. O importante é darmos importância às perguntas e não achar que elas nos aborrecem. Responder aos filhos é, nessa fase, um diálogo completo para eles. Não mostramos indiferença e sim interesse. Lembrem-se de que estamos treinando para que na fase jovem dessas crianças, elas possam confiar em nossa sabedoria e principalmente na disposição que temos em dialogar. Essa relação gera confiança, dá segurança às crianças e nos aproxima de nossos filhos.


Fonte: PROEPRE: Fundamentos teóricos da educação infantil. Mocio Camargo de Assis e Orly Zucatto de Assis. Ed. Unicamp. 4ª Ed. 2003

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