Graças à
“explosão da informação”, as nossas crianças estão expostas a fatos e
experiências para os quais obviamente não estão preparados. O cognitivo e o
afetivo (capacidade intelectual e emocional) não estão devidamente amadurecidos
para absorção e compreensão do que estão recebendo de informação. Eles
necessitam de dar sentido e organização às suas experiências, e o que vemos é
que isso não tem acontecido. Estão sendo expostas às informações midiáticas,
sem antes ter o grau necessário de amadurecimento para entendimento do assunto.
Estão sem filtro! Nós, adultos, acreditamos que as crianças, assim como nós,
fazem distinção do que parece ser evidente. Não funciona assim.
As primeiras
perguntas das crianças começam por volta dos três anos de idade, quando começam
a utilizar a linguagem para se expressar. Na teoria de Piaget, é na fase
pré-operatório (3 a 7 anos) que as crianças começam a querer descobrir o mundo
a sua volta. Passam a perguntar sobre objetos, depois nomes. Por volta dos
quatro anos, já estamos na idade da indagação. Nessa fase elas descobrem que
podem saber de tudo e ficam deslumbradas com a possibilidade da descoberta. Há
uma perplexidade descoberta de que existe muitas coisas a saber. As perguntas
são disparadas em série e às vezes até de forma desordenada. “As nuvens são
feitas de quê”? “O que faz a gente crescer”? “Por que você passa essa coisa no
cabelo”? Que maravilha! O mais interessante é que elas acreditam que os pais
sabem tudo e têm todas as respostas. É nessa fase que querem saber de suas
origens, das coisas vivas, dos irmãos etc. Querem saber da origem do bebê, das
diferenças morfológicas entre os sexos e por aí adiante. O que temos que saber
aqui, é que as respostas a essas perguntas não necessitam de muitos detalhes, pois
é certo que não compreenderão. O que cabe aqui é a explicação básica, respostas
objetivas. Geralmente a criança se satisfaz. Outro dia eu ri muito com um amigo
que me contou que a filha havia perguntado de onde ela tinha vindo. Ele
cuidadosamente e, segundo ele, didaticamente contou a concepção a ela. Já
distraída pela demora da exposição, interrompeu o pai no final e disse:
̶ “Ah tá! Eu
pensei que era de São Paulo. Você não falou outro dia que eu nasci em São
Paulo”? Pois é, na verdade a pergunta era outra. Faltou a investigação do pai.
Viu? Crianças... mundo fantástico!
Com seis ou sete
anos de idade, as perguntas infantis vão diminuindo. Na verdade, depende muito
da criança. Tenho uma menina de sete anos e outra de dez que perguntam e muito.
Muda o conteúdo, querem saber de coisas variadas que ouviram falar ou viram em
um filme por exemplo. Perguntam a respeito do que as amigas comentaram. Querem
entender melhor o que se passa. O importante é darmos importância às perguntas
e não achar que elas nos aborrecem. Responder aos filhos é, nessa fase, um
diálogo completo para eles. Não mostramos indiferença e sim interesse.
Lembrem-se de que estamos treinando para que na fase jovem dessas crianças,
elas possam confiar em nossa sabedoria e principalmente na disposição que temos
em dialogar. Essa relação gera confiança, dá segurança às crianças e nos
aproxima de nossos filhos.
Nenhum comentário:
Postar um comentário