sexta-feira, 30 de agosto de 2013

A vida era simples e nós, crianças, felizes


Recentemente estava a lembrar de minha infância. Olhando meus filhos brincarem no jardim, eu me reportei aos tempos em que também brincava com meus irmãos. Como era bom! As brincadeiras pareciam intermináveis! E como éramos felizes! Na minha infância, tudo era muito bom e a vida era muito simples. Jogar bola, soltar pipa, brincar de pique, de chimbra, de cabaninha. Rodar pneus, arco etc. Como brincávamos! A rua era o nosso quintal. Hoje, não é mais assim. A violência, a insegurança, o trânsito, o crescimento desordenado de nossas cidades, tudo isso transformou as crianças de hoje em “prisioneiras” em seus apartamentos.
O que tenho observado mais são crianças com nível elevado de estresse e querendo brincar. Também, com uma agenda de adulto e compromissos de responsabilidade, o que as crianças menos fazem hoje é achar tempo para brincar. Sinceramente, a pressão é grande. Somam-se, aos compromissos da escola, o curso de inglês, o esporte especializado e de resultado e, em muitos casos, o apoio de psicopedagogos ou psicólogos. Há, ainda, o tempo de deslocamento de local para local. Quando chegam em casa, ainda têm tarefa escolar para cumprir.
Sei como é isso. Na minha casa não é diferente. Mas, onde está o tempo para a diversão e o relaxamento? Resolvi resgatar isso para os meus filhos e reorganizei a rotina deles. Dei prioridade ao que de fato é importante, deixando de lado “os modismos.” Incentivei  “o brincar” mais livre e descompromissado. Ensinei a agrupar amigos e a resgatar a infância.
Hoje, quando vejo crianças teclando um dispositivo digital sem limites, ou embebecidos na frente de um computador, imagino logo que há algo de problemático se instalando ali, no psiquê daqueles meninos. Crianças que optam por teclar e não brincar não estão dizendo para mim que estão conectados ou são contemporâneas. Estão sinalizando que querem ajuda. E sabe qual ajuda? A ajuda que lhes permita ser criança, brincar como criança e ser amada como tal.
Não se acostume à ideia de que as crianças são todas assim. Serão assim, se nós deixarmos que sejam. Saibam que estão fixadas na “altura contemporânea”, porque estão sendo engolidas pela influência midiática e pela falta de tempo que nós, pais, temos dedicados a elas. Se estivéssemos dando atenção às nossas crianças, elas estariam entediadas nas redes sociais e jogos eletrônicos? Se não quiséssemos que eles fossem fluentes em inglês ou campeões do mundo, talvez eles pudessem brincar mais e, com certeza, ser mais felizes.
Vamos nos organizar... Não quero que meus filhos não façam inglês e não pratiquem esporte, escola de música, teatro, dança etc. Quero que façam tudo! Porém, o que não quero mais é que estas escolham tirem deles a infância. A vida é longa e haverá tempo para tudo. Nós não conseguimos chegar aqui? Eles chegarão também. Deixe-os mais soltos para que possam brincar mais e serem mais felizes.
Outro dia, atendia a um aluno, cuja queixa era: “quero brincar mais!”. Nesse atendimento, levantei a rotina dele e, acredite, ele tinha mais compromissos diários do que eu tenho. Sinceramente, não vejo o bem que isso possa causar a uma criança. Portanto, vamos organizar a vida de nossas crianças de tal forma que lhes sobrem tempo para brincadeiras gostosas.

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