Está em pauta uma questão polêmica. Opiniões divergem, a legislação regulamenta, educadores e psicanalistas condenam a atitude de pais baterem nos filhos. O que fazer? Seus pais batiam em você? Eu me lembro, e sem traumas, que meus pais, principalmente o meu pai, batiam, quando entendiam que eu havia ultrapassado o limite. Aliás, a frase sempre dita por ele era: “José, você passou do limite!”.
Hoje, em nosso tempo, a psicologia infantil e a pedagogia consideram inadequada essa prática educativa. Saber impor “limites”, sem dúvida, é importante para a boa educação dos filhos. Contudo, para que o “limite” tenha de fato um objetivo educativo, ele tem que estar acompanhado de um significado a ser percebido pela criança ou adolescente. Sem isso, a ideia de colocar limites acaba perdendo a razão e, logicamente, o sentido. Os pais costumam bater quando estão tendo um acesso de ira. “Batem” como defesa, por sentirem-se ameaçados em seu poder ou desafiados em sua responsabilidade. Neste caso, o bater deixa de ser uma ação educativa e passa a ser uma cena de agressão.
É claro que não é bom!
Diferentemente disso é um tapinha no bumbum em um momento em que os pais estão sob controle emocional. No caso, o tapa não tem por objetivo machucar a criança. É apenas uma ação simbólica. Seria um “NÃO” mais enérgico. A criança sabe fazer essa leitura. No caso do adolescente, isso não funciona. Para eles, só o diálogo mesmo. Castigos, se não bem administrados, podem até parecer prêmios. Algo do tipo: “passe a tarde em seu quarto!” se lá tem TV, computador e jogos, fará a tarde ser maravilhosa. Por isso, o diálogo, a responsabilidade posta, acabam gerando bons resultados, mesmo que não de imediato.
A autoridade dos pais não depende só de energia, mas, paradoxalmente, de bastante confiança e afetividade. Aí é que mora o perigo! Muitas vezes um olhar duro ou palavras pesadas doem mais que um tapa no bumbum. A criança pode acreditar que perdeu a confiança ou o afeto dos pais. Por isso mesmo, é necessário muito cuidado com essa ação educativa. Educar dispensa rancor e ódio. Educar rima com amor, dedicação e confiança. É assim em casa e na escola. Temos que disciplinar, mas não podemos “castigar” e “maltratar” as crianças. Insisto: um tapa que não dói pode educar, mas é só isso. Não cabe uma surra e não cabem palavras que humilhem as crianças ou os adolescentes. Definitivamente não há educação aí.
Mas o que fazer em situações mais complexas, em que a criança está em crise, mostrando-se agressiva com birra e batendo no pai ou na mãe? Nada de querer convencê-lo, em um momento em que ele está necessitando de obedecer. É preciso se impor, então, através da impostação da voz. Não é gritando, mas falando com autoridade. Se não funcionar, aí então é hora de pegá-la pelos braços e, sem machucar é claro, dizer com firmeza que ela tem que obedecer. Vá tentando, e a criança certamente vai cedendo e reconhecendo a autoridade dos pais. Não esqueçam nunca que pais e educação perfeitos não existem. Somos seres humanos e, claro, passíveis de erros. Não se sintam culpados se não conseguirem ter a melhor atitude com os filhos. Tenham certeza de que todos acertamos e erramos.
Tenham paciência e respeito. Não gritem e deixem a criança e o adolescente falar. A escuta é importante. Construam uma relação de amizade e confiança, isso é fundamental. Violência gera violência e gentileza gera gentileza. É assim mesmo. Vamos criar sem culpa!
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