Tem
sido cada vez mais comum escutarmos pais reclamando que os filhos não obedecem
a eles. A reclamação é sempre a mesma: eles
não escutam quando peço algo; não fazem o que pedimos; não querem se deitar na hora que
determinamos; brigam constantemente com os irmãos; não estão
estudando...
As
queixas são várias, mas retomam sempre a um mesmo ponto: crianças e
adolescentes não estão reconhecendo a
autoridade dos pais ou responsáveis. Infelizmente, na tentativa de evitar conflito, os adultos muitas vezes cedem, e os
filhos dominam o cenário familiar. Sem nenhum constrangimento, os pais
tornam-se reféns da desobediência dos filhos.
Recentemente,
em um atendimento, um pai me fez uma pergunta que despertou minha atenção: A criança desobediente nasce assim ou
aprende a ser assim? Acho engraçado o fato de muitos pais acharem que a
desobediência é uma característica que a criança teria herdado de alguém da
família. Alguns pensam que é questão de sorte e invejam os filhos do vizinho.
Seu
filho não nasce obediente ou desobediente. Aprende a sê-lo em função dos
estímulos que você lhe dá e de como reage diante o seu comportamento. Ainda que
por temperamento haja crianças mais inquietas do que outras, hoje está claro
que a influência de fatos genéticos é pouco relevante no caso das virtudes
humanas. A desobediência é um aspecto comportamental e, por isso mesmo, se aprende.
Achar “engraçadinho” a desobediência da
criança apenas reforça nela a ideia de
que quanto mais ela desobedecer,
melhor será para ela. Assim, não sejamos brandos. A escassa exigência e a falta
de disciplina é que tem levado as crianças à não obedecerem.
Não
estou aqui colocando em dúvida a boa vontade dos pais em educar os filhos. O
problema está na estratégia adotada. Educar não é ciência infusa que não requer
aprendizagem. A disciplina e a autoridade são necessárias para o equilíbrio
psicológico da criança, pois ajudam na aquisição da confiança, na segurança e
na estabilidade.
Às
vezes, temos incentivado nosso filho a continuar desobediente. Quando erram,
não aplicamos o castigo devido ou nos esquecemos de cumprir o que lhes prometemos; esquecemos
que as pequenas responsabilidades ajudam na formação do caráter e não damos
a eles o compromisso de manter o quarto organizado; não somos exigentes nos estudos e aceitamos
as desculpas quando os resultados deveriam ser mais positivos.
Como
educador, já vi muitos pais irem às
escolas para questionar as medidas
disciplinares a que o filho foi submetido por ter desrespeitado as regras da
instituição. Em nossos atendimentos, já nos deparamos com muitas famílias que,
mesmo sabendo que a punição adotada pela
escola estava sendo coerente com a infração cometida, alegavam que não sabiam como iriam dizer ao filho que ele não
poderia participar mais dessa ou daquela atividade.
Como
educador e psicanalista em formação,
identifiquei-me muito com as ideias da Drª. Teresa Gonzáles, autora do
livro “Como resolver situações cotidianas de seus filhos de 6 a 12 anos”. Como muitos psicólogos do mundo e do
Brasil, ela também não defende o “modelo libertino” de criar os filhos e
reforça que temos sim que ensiná-los a obedecer. Dessa forma, no futuro, eles nos agradecerão e os problemas familiares serão muito mais
amenos.
Assim,
não vamos ser econômicos no amor e na disciplina. E não tenhamos
medo de exercer nossa autoridade de pais. Isso é tudo de que nossos filhos necessitam para crescerem seguros e felizes.
Sejamos pais amorosos, mas firmes e seguros a ponto de servirmos como modelos, com a certeza de que, em um
ambiente de carinho e exigência na medida certa, as crianças crescem mais
seguras e felizes.
Se
quiserem conhecer mais sobre o assunto, sugiro a leitura do livro “Como resolver situações cotidianas de seus filhos de 6 a 12 anos”, escrito por Teresa Artola
Gonzáles. Ela é doutora em Psicologia pela Universidade Complutense de Madri
e mestre
em Educação Familiar pelo E.I.E.S (Educational Institute of Educational
Sciences).
Muito sensato teu ponto de vista. Também me identifico com essa linha de pensamento. Gostei da indicação de leitura.
ResponderExcluirObrigado por acompanhar o meu trabalho.
ExcluirÉ um prazer sempre compartilhar opiniões.
Muito bom.
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