sexta-feira, 21 de fevereiro de 2014

Um recado para os pais


“Nada é mais importante do que a imaginação”.  Foi essa a frase que meu filho veio me mostrar escrita em seu iPhone, enquanto eu trabalhava neste artigo. Veja que beleza! É exatamente isso que eu quero compartilhar com vocês neste momento.
Os nossos filhos se expressam, pensam, fazem a leitura do mundo, no tempo deles. Não se faz necessário impormos o nosso ritmo. Não se trata aqui de admitir o “vale tudo” para as crianças. Nada disso mesmo! Como sabem, eu sou a favor da disciplina, mas também não quero ser exagerado e reproduzir um modelo de educação jurássico. Sejamos humanos com as crianças. Tenho aprendido muito isso e interiorizado essa ideia.
Recentemente, tive a imensa alegria de ler Pais e Filhos, de Roberto Shinyashiki. O livro veio a calhar, pois precisava refletir um pouco sobre como estamos educando as crianças lá em casa... E vi que entre os erros e acertos, precisamos acertar mais. É isso. Às vezes, quando pensamos que estamos acertando, estamos errando. Sabe o que descobri? Precisamos levar a vida com mais leveza, aceitando as nossas limitações e as de nossos filhos. Ter a generosidade de aceitar que erramos.
Também aprendi que temos que deixar os nossos filhos serem crianças, pois se tiverem uma infância feliz, serão adultos bem resolvidos e também felizes. Precisam, então, ter liberdade para o exercício da imaginação. Logo na contracapa do livro, editado pela editora Gente, Roberto Shinyashiki coloca algumas lindas mensagens. A que mais me tocou, convidando-me à reflexão foi: “Que nossos filhos exerçam somente a busca por iluminar suas próprias almas”. Hoje, eu acredito plenamente nessa ideia. Não podemos desejar que nossos filhos sejam felizes, planejando para eles a vida que achamos ser a ideal. O modelo de vida bom para ele será o que aflorará de sua alma. Sabe por quê? Simplesmente porque ele terá de você todo suporte emocional e apoio financeiro que puder dar para se fazer e se realizar. Que maravilha! Portanto, faça de seus filhos verdadeiros companheiros de viagem. Da viagem da vida, no nosso caminhar como família e como pessoas.
Façamos assim: capacitemos nossos filhos para a felicidade, que certamente na vida adulta serão plenos e confiantes. Deixe-os livres para a imaginação e para os sonhos. Como meu filho me ensinou, nada é mais importante do que a imaginação. Ela liberta a infância que a criança guarda em si e é capaz, de uma maneira extraordinária, de projetar a criança no mundo, colocando-a à frente de um plano que é só seu. O que ela imagina é o que deseja, é o que projeta. Portanto é o que dá a ela a substância da sua essência humana. Que lindo!
Para finalizar este breve ensaio, deixando aqui alguns pensamentos como pai e educador, compartilho a certeza que hoje tenho sobre o nosso papel. Acreditem nestes recados:
·     educar é estimular nossas crianças a agirem por si mesmas. É ajudá-las a conquistar a autonomia e a responsabilidade. É permitir-lhes imaginar e  experimentar os desafios da vida;
·        educar é caminhar com seu filho, escutando e orientando-o. Ensiná-lo a viver sem medos. É estar ao seu lado, corrigindo as distorções e aceitando a essência de cada um.

Experimentem essa deliciosa sensação de saber que nós, escola, educadores, estamos juntos e que somos parceiros nesse momento lindo na vida de nossas crianças.


Referência Bibliográfica:
JUNQUEIRA FILHO, Gabriel de A. Conversando, lendo e escrevendo com crianças na Educação Infantil. Porto Alegre. UFRS.
Temas em Educação 11 – Livro das Jornadas 2003.
Gráfica PubliCOC, 2003.

sexta-feira, 14 de fevereiro de 2014

Pais convocados!


Estamos avançados no século XXI e, a cada ano que se inicia, eu tenho a nítida sensação de que o ano anterior passou muito rápido. Agora mesmo, enquanto escrevo este ensaio, tenho a mesma sensação com este ano que mal iniciou. Ele está passando rápido demais! Rápido também estão nossos filhos. A mim fica a impressão de que, em algum momento de nossa evolução, eles já chegarão à vida falando. Como pode? Mas é incrível. Estão rápidos nas “sacadas”, nas brincadeiras, na tecnologia, nas respostas aos desafios. E nós então? Trabalhamos, estudamos, buscamos e corremos. Será que está sobrando um tempo para os filhos?
Vocês estão sendo convocados a encontrarem um momento para seus filhos. Para orientá-los na tarefa escolar, para escutá-los em seus questionamentos, a dar carinho, a brincar com eles. Vocês estão sendo convocados a demonstrar amor, a dizer não, a não sentir culpa por não poder estar mais tempo com eles. Estão convocados a terem ternura, mas firmeza, quando a questão for dar limite; a acompanhar a vida deles na escola, nos eventos, na vida de cada filho. Estão convocados a assumirem a responsabilidade de formar pessoas éticas e felizes e também a serem parceiros da escola.
Os pais estão sendo convocados a participarem do processo educativo de seus filhos, acompanhando-os em suas necessidades. Mas, para que tenhamos sucesso, é muito importante que estejamos felizes. Busquemos, então, o equilíbrio e a entrega verdadeira nos momentos que estamos nos dedicando aos nossos filhos. Não peço aqui a ninguém que se anule para os filhos, ou que viva para eles. Acredito que cada um de nós tem que viver por nós e que nossos filhos estão em nossas vidas e, por isso, são nossos companheiros. Portanto, dedicar algum tempo a eles e com qualidade não é se anular para eles. Assim, não estou convocando os pais para viver a vida dos filhos, mas sim viver a vida com os filhos e deixar que eles sintam isso. Orientar na tarefa diária não é estudar por ele. Participar nos eventos da escola não é fazer por ele, mas para ele (no sentido de ele se sentir importante com a sua participação). Viu como não é uma tarefa tão difícil?
Sei como é, afinal sou pai de três filhos, sendo um já adolescente. As demandas são variáveis e, às vezes, sinto-me cansado, mas sei que é de meu direito. Aí me refaço e vou dar a eles a atenção merecida. Não é todo o tempo, pois quero para mim um tempo também. Mas, com certeza, é o tempo diário necessário para eu passar a eles segurança e confiança, ouvir algo, orientar e na hora de dormir, que nunca ultrapassa às 20h30, dizer a cada um: durma com Deus!


Referência Bibliográfica:
JUNQUEIRA FILHO, Gabriel de A. Conversando, lendo e escrevendo com crianças na Educação Infantil. Porto Alegre. UFRS.
Temas em Educação 11 – Livro das Jornadas 2003.
Gráfica PubliCOC, 2003.

terça-feira, 11 de fevereiro de 2014

A Psicanálise na visão freudiana


Resumo

O artigo tem como fim apresentar a Psicanálise como um método de investigação do aparelho Psíquico e suas aflições. Objetiva situar as bases teóricas e fundamentos básicos do movimento Psicanalítico fundado por Freud no séc. XIX.
Em sentido mais amplo, o que se busca é uma reflexão a cerca a Psicanálise e de seu alcance apenas no momento de sua criação, mas principalmente, a partir das mudanças terapêuticas que se deram com o advento da Psicanálise. De certa forma, pretendo mostrar a Psicanálise lançando um novo olhar no cuidado dos males do aparelho Psíquico. É na verdade de minha parte, o desejo de destacar o advento da Psicanálise como sendo um divisor de águas no conceito das patologia psíquica e seu tratamento.
O artigo visa lançar luz a cerca da importância da Psicanálise e de sua natureza como ciência ou mesmo disciplina ou mesmo um método de investigação que consiste evidenciar o significado inconsciente das palavras, das ações e principalmente das produções imaginárias, reveladoras que são do sujeito.
Palavras chaves – Psicanálise, método e reflexão.


Introdução

Falar em Psicanálise é obrigatoriamente falar no DR. Sigmund Freud, médico neurologista austríaco, que percebeu que as doenças de seus pacientes não eram originárias do âmbito corporal, mas sim da mente, do Psíquico. Depois da descoberta desse cientista, a humanidade não foi mais a mesma, pois a partir desse momento, o mundo descobriu que o homem, não era mais dono do seu eu, já que haviam escolhas que estavam relacionadas não com a sua consciência, mas sim com o inconsciente, área do Psíquico que não era dominada pelo eu que habita um corpo.
Existe um outro em mim? Há em mim alguém que fala por mim, sem que eu conheça totalmente? Existe algo que não entendo e que tem relação com o meu sofrimento? É isso, a Psicanálise colocava luz à um mundo nebuloso. Esse é o responsável por apresentar a história do sujeito (aqui, sujeito no conceito psicanalítico, aquele que está sob a sujeição do outro): sua família, religião, cultura, valores e etc.
Foi escutando os seus pacientes que Freud descobriu que além das “palavras ditas”, haviam as “palavras não ditas” que diziam mais do que aquelas que eram verbalizadas. Foi então, através dessa escuta, desse desejo de ouvir os seus pacientes que o DR. Freud começou a decifrar o inconsciente e a mergulhar no “eu” desconhecido de seus pacientes. Foi assim que cuidadosamente Freud passou a considerar que o sintoma, qualquer que seja ele, representa a verdade do sujeito. Assim, por mais estranho que seja dito, por mais escabroso que possa parecer, nada poderia ser desprezado. Um lapso de memória, um ato falho, um preconceito, um juízo de valor, uma dor sem que tivesse havido um trauma. Tudo passou a ser cuidadosamente analisando. Dessa forma, o tratamento Psicanalítico é um tratamento com palavras. Por isso, um tratamento humanizado.
A Psicanálise veio de encontro das técnicas terapêuticas utilizadas pela neurologia no tratamento de patologias psíquicas. A ortodoxia da ciência médica, se deu lugar à análise dos pacientes que aos poucos foi sendo aprimorada, permitindo o paciente a descobrir as suas verdades e saber lidar com as aflições e com os traumas psicológicos que carregava. O sintoma que destruía o sujeito, tornou-se um importante aliado para que todos possam conhecer melhor o “eu que não quero falar”. Dessa forma, a Psicanálise surgiu para ajudar o indivíduo a encontrar-se na vida e principalmente a encontrar uma saída para seu conflito interno, vendo sentido na vida.
Criada na década de 1890, a Psicanálise surgiu como um método básico onde o cliente é solicitado a dizer tudo o que lhe vem a mente: sonhos, desejos, fantasias e medos. O propósito é a descoberta das necessidades profunda e de tudo o que incomoda o sujeito, levando-o a um desequilíbrio emocional. Dessa forma, o resultado que se pretende atingir com a análise é levar o paciente ao auto-controle, a partir do auto-conhecimento. De posse de uma maior compreensão de si mesmo, o paciente saberá viver melhor e mais seguro. Por isso, me de burgo nesse artigo. Quero demonstrar aqui que a Psicanálise mudou não só o tratamento dos doentes psíquicos, neuróticos e Psicóticos, mas trouxe ao mundo acadêmico, à filosofia um pensamento complexo, mas acima de tudo muito humano, no entendimento da mente humana.


A Psicanálise na visão Freudiana

A Psicanálise é um campo clínico e de investigação teórica da psique humana, criada e desenvolvida pelo médico neurologista Sigmund Freud que tinha como propósito, o entendimento do homem, a partir da análise de suas aflições. Foi Freud que no Séc. XIX, colocou o homem e suas meioses como sujeito do seu inconsciente. Isto é, o homem e a sujeição às pulsões do inconsciente, nasceu então, uma teoria da personalidade humana e um procedimento psicoterápico que tem como fim ajudar o homem encontrar-se em seu próprio eu, além de ter lançado as bases de um pensamento filosófico para a compreensão da ética, da moral e também da cultura humana.
Segundo o DR. Freud, a Psicanálise é o nome de um procedimento para a investigação de processos mentais que são quase inacessíveis por qualquer outro método de investigação da mente humana. Trata de investigar recalques que podem ser a chave do entendimento de várias manifestações somáticas e comportamentos sociais “desviados” na conduta social aceitável em uma comunidade.
Inicialmente, Freud empregou os termos análise, análise psíquica, análise psicológica, análise hiparótica. Mais tarde, com a evolução de seu trabalho introduziu o termo pscho – analyse (Laplanche e Pontolis, pág. 385). Ele deu várias definições para a Psicanálise, mas uma das mais claras encontra-se no início do artigo da Enciclopédia publicado em 1922: “Psicanálise é o nome.”
1.   De um procedimento para a investigação de processos mentais que, de outra forma, são praticamente inacessíveis.
2.   De um método baseado nessa investigação para o tratamento de distúrbios neuróticos.
3.   De uma série de concepções psicológicas adquiridas por esse meio e que se somam uma às outras para formarem progressivamente uma nova disciplina científica. “(Laplanche e Pontolis, pág. 385)”
Em um sentido mais amplo, cabe-se entender o conceito de Psicanálise como sendo o trabalho pelo qual levamos à consciência do doente o psíquico recalcado dele. Ou seja, o mundo inconsciente que ele guardou (escondeu) dele mesmo.
Em 1900, Freud propôs a teoria dos sonhos. O que antes era tratado como símbolos ou premonições agora passou a ser visto como particularidades de nosso inconsciente que pode ser encarado como uma “janela” para se chegar a inconsciente até então incompreendido. Segundo Silva e Sanches (2011), pode-se dizer que o marco da grande história de Freud foi a “interpretação dos sonhos”, obra na qual antes não tinha grande importância, mas que ganhou destaque após a publicação.
Através destes estudos, foi possível trazer ao consciente os conteúdos inconscientes, onde o sonhar é um fenômeno regressivo, no qual nos devolve aos estados primitivos da infância. Para Ferza (2009), Freud parte do princípio de que todo o sonho tem um significado, embora oculto, da realização dos desejos. Os desejos reprimidos na vigília muitas vezes estão relacionados com os nossos desejos mais primitivos votados pela moral ou recalcados em nosso inconsciente. Assim, interpretar um sonho significa conferir-lhe um sentido, isto é, ajustá-lo à cadeia de nossas faculdades mentais. Dessa forma, o sonho fala, através de uma linguagem própria, sendo possível aí a uma abordagem de vários sintomas, visto que sonhar é mais do que um simples produto do dia-a-dia. É revelar-se diante de algo que é possível conhecer.
Segundo Freud (1915), sonhos são fenômenos psíquicos onde realizamos desejos inconscientes, onde oportuniza ao homem a realização de um desejo. Satisfaz-se um desejo através do ID. O sonho é portanto uma reação, Silva e Sanches (2011), coloca o conteúdo do sonho como um processo que passou pelos seguintes componentes: 1. Impressões sensoriais noturnas, 2. Pensamentos e idéias relacionadas às atividades do dia, 3. Impulsos do ID. Assim, o sonho nada mais é do que um resultado de seus componentes, isto é, transformam os estímulos corporais, os “restos diurnos”, os pensamentos recalcados etc.
A psicanálise criada por Freud, em seus trabalhos posteriores, quando “apurava” a sua ciência, propôs o conceito de ID, Ego e Superego. O “ID”, grosso modo, corresponde a sua noção inicial de inconsciente, seria por assim dizer, a parte mais primitiva e menos acessível da personalidade. Ele desconhece o julgamento de valor. É a energia psíquica da pulsão, do tesão. É a libido, a força que impulsiona a busca pelo prazer. O “ego”, servi como mediado, um facilitador da interação entre o “ID” e as circunstâncias do mundo exterior. É a razão, ou a racionalidade, ao contrário da paixão do “ID”. É a tradução do “EU”. O EGO tem consciência da realidade, pondera, segura. Ele não existe sem o “ID”. Ele extrai a sua força do “ID”.
A terceira parte da estrutura da personalidade é o “Superego”. Desenvolve-se desde a infância, a partir das regras sociais. Seria o “ego-ideal”, aquele do comportamento aceitável pelos pais e pela sociedade. Aqui o comportamento é determinado pelo autocontrole. Representa a moralidade, é o lado superior da vida humana.
Em sua teoria, Freud imaginou um conflito permanente entre o “EGO” e o “ID”, sendo o resultado, a busca realizada pelo “Superego”, pela perfeição. Veja aqui que, quando o ego é muito pressionado, temos a ansiedade que é responsável por diversos males do aparelho psíquico. Desta forma, a prefeita análise das aflições humanas em Freud, passa pela interpretação e entendimento do conflito anterior desses três sistemas de equilíbrio.
A sexualidade tem uma importância fundamental na Psicanálise, mas não tem um sentido restrito, ou seja, apenas genital. Trata-se de algo mais amplo, bem mais amplo. Está relacionada a todo tipo de gratificação. Por isso, Freud enxerga sexualidade na infância. Não se trata aqui de prazer através da genitália, mas das diversas manifestações de gratificação e prazer, descoberta e trocas afetivas com os mais próximos, com pai, mãe e babá.
Para a teoria de Freud, o sentido amplo da sexualidade nos leva à compreensão dos seguintes princípios antagônicos: erros, que representa a vida, em constante choque com THANATOS, que representa a morte a morte e Princípio do Prazer X Princípio da Realidade. Para melhor compreendermos: EROS está ligado às pulsões de vida. Impulsiona ao contato, ao embate com o outro e com a realidade. THANATOS é o princípio do desejo de não separação, de retorno á situação uterina ou fetal, a aniquilação das tensões. Está vinculado às pulsões da morte, pois só essa traz a paz e o repouso absoluto. O “Princípio do Prazer” é querer imediatamente algo satisfatório e querê-lo cada vez mais e o “Princípio da Realidade” é aquele que nos leva a compreender que nem tudo o que se deseja é possível.
Outra questão fundamental em Freud, é o complexo de Édipo, visto como um complexo de sentimentos e afetos com componentes de agressividade, fúria, medo, amor e ódio, oriundos dos desejos sexuais em relação aos genitores de sexo oposto que acontece entre 5 e 6 anos de idade. Se manifesta no menino desejando a mãe e querendo eliminar o pai, seu concorrente. A criança renuncia o desejo com medo da castração por parte do pai, levando-o a aceitar os ditames da cultura. Na menina ocorre por descobrir que não tem o “pênisfolo”, levando-a a desenvolver inveja do falo do pai. Ao ver que a mãe também não tem, passa a desvalorizá-la, se dirigindo ao pai, detentor do poder do FALO, e portanto cheio de fascinação.



Conclusão

Uma das mais importantes descobertas de Freud na Psicanálise é a de que há uma sexualidade infantil; o psiquismo humano forma-se a partir dos conflitos que, desde o nascimento, confrontam os instintos sexuais; a libido e a realidade. Podemos dizer que em termos Psicanalíticos nós somos o resultado da história de nossa infância e isso foi fundamental para o entendimento do homem e de seu aparelho psíquico. Outra descoberta importante é a de que a nossa mente consciente não controla todos os nossos comportamentos e por isso, somos, mesmo os nossos atos voluntários, resultantes de uma deliberação racional, estão dependentes de uma fonte motivacional inconsciente.
A descoberta do inconsciente trouxe uma revolução à Psicologia e á forma como esta encara o ser humano. A Psicanálise nos revela que todos os nossos comportamentos resultam de uma fonte energética inesgotável que é a libido, o desejo, que Freud chamou de EROS.
Em um sentido mais amplo e sem querer esgotar o assunto que é extenso, vemos então a Psicanálise Freudiana com um método de conhecer, analisar, diagnosticar e tratar o homem em sua dimensão mais íntima, de um mundo desconheço, mesmo que o habitemos.





Referências Bibliográficas


1. Laplanche e Pontalis. Vocabulário da Psicanálise. Ed. Martines Fontes, São Paulo, 2008.

2. Silva. E.A. SANCHES. J.A.R. Os sonhos como manifestação de desejos inconscientes.

Disponível em: HTTP://artigos.psicologado.com/abordagens/psicanálise/ os sonhos como manifestação de desejos inconsciente.

3. FERZA, Rodrigo. Interpretação dos sonhos.

Disponível em: HTTP://www.redepsi.com.br

segunda-feira, 10 de fevereiro de 2014

O milagre da chuva


Eu me chamo José. Sou filho de um retirante nordestino (um desses que deram certo na vida) e fui criado aprendendo a amar essa porção do Brasil. Aprendi, com meu pai, ainda criança, que quando chove no dia de São José (19 de março) é promessa de bom inverno para o nordestino. Eu sempre espero chuva no dia de São José. Certa vez, dois auditores que visitavam a unidade, ao me ver contente com a pouca chuva que caiu, me perguntaram: “É o suficiente?” De imediato respondi: “Claro! A fé do sertanejo é que alimenta essa esperança. Teremos um bom inverno.” Pronto! Estamos com a chuva de volta.
Foi com meu pai também que aprendi a ler o povo nordestino, através da obra de Luiz Gonzaga. Praticamente todos os domingos, com a família reunida para o almoço, o aperitivo era Luiz Gonzaga. Cada música que tocava, meu pai, entre um e outro passo de xaxado, nos explicava o lamento nordestino e a cultura. Traduzia as palavras que não conhecíamos e explicava as expressões idiomáticas. Assim, crescemos, aprendendo as coisas do Nordeste, mesmo estando tão longe. Mas, por que estou iniciando o meu artigo falando sobre chuva e Luiz Gonzaga? Estou aqui compartilhando com vocês o quanto é importante na vida da gente o ensinamento que vem de casa, da família, da força da tradição. Todos os meus irmãos têm uma forte ligação com o Nordeste. Eu até vivo aqui com minha família. Aprendemos isso com meu pai, nas trocas realizadas nos almoços aos domingos. Minha identidade foi forjada por meu pai! Você imagina a força que os pais têm sobre os filhos? A família, sobretudo a figura do pai e da mãe, é responsável pela compensação afetiva e afirmação de identidades. Quando há diálogo e afeto, é maior a probabilidade de haver uma formação de qualidade.
 O afeto, o cuidado e os ensinamentos são os princípios da autoestima. Não podem faltar aos filhos. Sou insistente nessa questão. Também não podem faltar ensinamentos. Escola instrui e ensina, mas quem educa, de fato, é a família. Quem passa valores, quem forma o caráter é a família. Por isso, vamos, como pais que somos, fazer cumprir na nossa casa um ensinamento bíblico: “Filhos, obedecei a vossos pais no Senhor, pois isto é justo. Honra a teu pai e a tua mãe, para que te vá bem, e sejas de longa vida sobre a terra. E vós, pais, não provoqueis vossos filhos  à ira, mas criai-os na disciplina e na admoestação do Senhor”.  (Efésios 6: 1-4). É isso mesmo! Pais educam e os filhos os respeitam.  Assim, encontramos uma boa sintonia e podemos ensinar aos nossos filhos, os nossos valores, o caminho certo na vida e, principalmente, a terem identidade e autoestima elevada.
Ao compartilhar com vocês um dos ensinamentos de meu pai, quero, na verdade, reforçar a importância do pai e da mãe na vida dos filhos. Claro que o conceito de família, o “modelo antigo” de organização da célula mater, está mudando. Sabemos disso!  O mundo moderno tem trazido formas modernas de organização familiar. Ótimo! Devemos mesmo estar abertos a mudanças e nos adaptar ao novo. O que nunca muda é o conceito de amor, de responsabilidade e de compromisso. Sejamos, portanto, amigos de nossos filhos, independente do modelo de família. Pai e mãe são incondicionais. São para sempre! São eternos em nossa vida, em nossa mente... 

sexta-feira, 7 de fevereiro de 2014

A força das palavras dos pais



As palavras dos pais exercem um poder extraordinário sobre a vida de seus filhos. É incrível, como mesmo  hoje, depois de vários anos, ainda me  lembro e muito das coisas que meus pais me diziam quando eu era criança e adolescente. Lembro-me mesmo! Às vezes com carinho, às vezes chateado. Na busca de me ensinar a vida, em muitos momentos exageraram e, claro, isso ficou marcado em mim. Com você não é assim também?
A personalidade, o caráter e o comportamento das crianças são influenciados pelo que elas ouvem quando se relacionam com os pais, professores e colegas. Principalmente os pais, pela força que possuem, exercem uma influência muito grande sobre o destino de seus filhos. Influenciam no sentido de ajudar a formar uma mente equilibrada, ou mesmo uma mente com traços de insegurança e baixa autoestima. O pai e a mãe representam a sustentação emocional e suporte financeiro de seus filhos. Tem que ser assim,  e assim é. Não podemos transferir essa tarefa a terceiros.
As palavras possuem um poder milagroso e, por isso mesmo, necessitamos de nos policiar quando nos dirigirmos aos nossos filhos. É de responsabilidade nossa, como pais, a educação de nossos filhos e é nossa a responsabilidade de garantir a eles autoestima elevada e condições de realizações plena de seus desejos quando estas vontades forem compatíveis com a ética, o poder econômico e os princípios de cada família. Vamos nos cuidar no sentido de nos prepararmos para exercer a nossa missão, causando em nossos filhos um impacto positivo na vida de cada um.
No dia a dia da rotina familiar, é muito comum soltarmos expressões que podem  nos parecer normais e compreensíveis, mas que no mundo da criança e do adolescente provocam um verdadeiro estrago. Um clássico exemplo disso é quando falamos algo assim: “Seja como o seu irmão que nunca causa problemas.” Cada ser humano é único. Ninguém é mesmo como o outro, nem em casa. Conhecer as diferenças entre os filhos é normal e pode ser até divertido, mas não é interessante as comparações indevidas que só servem para “jogar” o indivíduo para baixo. Lembro-me de que minha irmã mais velha era a referência de tudo o que era o máximo, mas isso não ajudou nem a mim nem a meus irmãos. A comparação não semeia o desejo de sermos iguais, mas desperta o ciúme e o sentimento de incapacidade nos demais irmãos. Pensem nisso...
Uma outra fala  que devemos evitar é: “Você é irritante. Eu não aguento mais”. Será que o filho que tanto amamos pode ser mesmo o objeto de nossa ira? Será que não é outra situação, fora do domínio dos filhos, o que, de fato, está nos incomodando? Precisamos ser pacientes com os nossos filhos! Mude a maneira de dizer a seu filho que a forma como está agindo não tem sido legal e que isso o está tornando uma pessoa difícil. Faça a criança perceber que aquele comportamento não está adequado. Fácil? Não é não! Tolerância e paciência são sinônimas de tranquilidade, por isso não se dirija ao filho quando estiver com raiva. Não dará certo.

Se você quiser conhecer mais sobre o assunto, sugiro o livro de Antônio Siqueira, “50 coisas que os pais nunca devem dizer aos filhos”. Li o livro, fiquei encantado e por isso mesmo resolvi compartilhar com vocês a ideia principal do autor, que muito me agradou.

quarta-feira, 5 de fevereiro de 2014

O que é loucura?



Há muito, o entendimento e a análise de loucura têm  levado o homem a questionamentos. O que seria loucura? Segundo a Psicologia, a loucura é uma condição da mente humana, “habitada” por pensamentos “anormais”. De acordo com o dicionário Houssais da Língua Portuguesa, a loucura pode ser definida como “distúrbio ou alteração mental caracterizada pelo afastamento mais ou menos prolongado do indivíduo de seus métodos habituais de pensar, sentir e agir”. Para a Medicina, mais especificamente a Psiquiatria, a loucura é resultado de alguma doença mental. Fica evidente aqui a separação entre o normal e o patológico. Para esta ciência, a loucura é diagnosticada por profissionais e o tratamento está baseado na supressão dos sintomas e contenção dos pacientes que se encontram em surto.
Se mergulharmos no campo filosófico, o “ser louco” faz parte de toda uma discussão em que a relatividade assume papel de extrema importância. Para os filósofos, a condição de “ser louco” depende, e muito, da sociedade, onde vive o indivíduo. Depende também da época, dos valores éticos e morais, da religiosidade  etc. Assim, as condições históricas e culturais servem como “baliza” para o julgamento do “ser louco”.
Para a psicanálise,  a “loucura” não parte do pressuposto da divisão entre o normal e o patológico. Freud encarava a loucura como elemento que faz parte de cada um e está,  de certa maneira, no inconsciente de cada um de nós. Jacques Lacan considerava a loucura não como fragilidade humana, mas sim  virtualidade permanente de uma falha aberta na sua essência. Em um sentido mais amplo, a psicanálise entende a loucura, o delírio, as alucinações como elementos que não devem ser eliminados ou suprimidos.
Seria então a loucura uma questão de ponto de vista sociocultural do que propriamente uma doença? Há no meio intelectual a ideia de que “loucos” são todos os que de alguma forma ousaram desafiar as regras “normais” impostas por valores a uma determinada sociedade. Seriam os “loucos” aqueles assim taxados por pessoas detentoras do poder social ou guardiãs dos costumes morais da sociedade? Essa seria  uma bela discussão, mas não me prenderei a ela. Neste trabalho,  busco o objetivo mais íntimo de meu pensar,  que seria responder a esta questão: o que é loucura?
Ao assistir a filmes produzidos no final do século XX e no começo deste século, como “Garota interrompida”, “Uma mente brilhante” e “Em nome de Deus”,  por exemplo, percebo que há uma enorme crítica à forma como a sociedade ocidental do séc. XX se relaciona com os desvios de conduta de pessoas, cujo tratamento para delírios sempre foram desumanos e extremamente violentos. Acredito que a obra “A história da loucura na idade clássica” (Foucault, 1997) trata profundamente dessa questão e nos ajuda a dar a resposta à problematização deste artigo. Em sua obra, o filósofo percorreu 150 anos de história, para analisar os mecanismos e as práticas do objeto da loucura e a forma como ela era encarada em seu tempo. De forma muito interessante, termina o livro deixando claro que o “louco” é também detentor de uma verdade, mas essa verdade está oculta e, como ele não consegue alcançá-la, então ele clama desesperadamente para  que, enfim, seja revelada.
Ao aprofundar a sua análise sobre loucura, Foucault afirma que, ao longo de nossa história, a exclusão do louco teria sido na verdade uma forma de proteger a base do poder constituído. Na visão deste filósofo,  “louco” é todo aquele que não aceitou a vontade de verdade imposta pelo poder. Nessa linha de interpretação da loucura, está o grande literato brasileiro, Machado de Assis. Na publicação de O Alienista, em 1882, Machado narra a história de Simão Bacamarte, (o alienista) médico psiquiatra que fundou um manicômio com a intenção de cuidar de “loucos”. Prende 80% da população sob a alegação de serem todos loucos. Na lida com esses loucos, Bacamarte descobriu que todos aqueles possuíam na verdade outro defeito: eram avessos a aceitar as regras da sociedade como eram impostas e não se adequavam ao sistema. Ao aperceber-se disso, deu alta a todos os loucos e assumiu para si essa condição ao internar-se  lá, onde viria a morrer anos depois.           
Certamente, Foucault não leu Machado de  Assis, mas se o tivesse feito veria aí a força do “discurso dominante” na imposição de uma “normatização de conduta social”. Tanto em Foucault, como em Machado de Assis, o louco é aquele que se coloca contra a lógica da maioria. A loucura seria, então, o produto de um mundo e de um tempo e não exatamente o distúrbio patológico endógeno da mente humana. Nós podemos encontrar uma resposta com aqueles que perderam a razão.
A indagação acerca do que é a loucura nos impulsiona a um outro questionamento: O que teria ocorrido para alguém  ficar assim? As pessoas ficam assim quando não chegam a criar uma relação funcional e prática com a sociedade e também com a realidade. Na verdade, os chamados “loucos” são os que criam uma sociedade que, para eles, é de fato uma realidade. Eles ficam loucos por defesa, para não perderem a razão. De certa forma,  em um movimento dialético,  essas pessoas são aquelas que não aceitam a saúde mental, pois entendem que ela está associada aos que têm comportamento previsível, aos que são sempre obedientes e  aos que nunca tiveram coragem de pensar o impensável.  Afinal, pensar é um grande perigo, é “coisa de louco”. Como escreveu Raul Seixas: “a arte de ser louco é jamais cometer a loucura de ser um sujeito normal.” 
A normose da vida pode revelar a verdadeira loucura, embora os loucos sejam  sempre os que transgridem a ordem. Assim, seria a loucura a tese da dialética do normal x anormal?  Seria a negação do ideal da “perfeição lógica” dos que vivem em um mundo normatizado?
 Parece que voltamos à  questão inicial. E isso se dá, porque o desejo de querer conceituar a loucura nos leva, constantemente à luz do pensamento psicanalítico a retomar a problematização,  exatamente por não aceitarmos a visão cartesiana ou mesmo bipolar entre sadio e louco / normal e anormal.
Nos últimos 10 anos, o problema da instituição psiquiátrica tem sido muito discutido. Em 1987,  nasceu o movimento nacional da luta antimanicomial, negando os hospitais psiquiátricos terapêuticos aos portadores de transtornos psíquicos. Seria o fim da loucura? Será que os transtornos psíquicos passaram  a ter um novo olhar? Certamente é o que está acontecendo. Surge na sociedade e até entre os especialistas a questão. Como exemplo disso, posso citar a peça teatral “Delírio”, escrita e dirigida pelo psicólogo Antonio Rayan,  que trata da real existência da doença mental e traz também um curioso paralelo entre a moderna psiquiatria e a antiga. Na peça, Rayan deixa a ideia de que se existe a loucura, então somos todos loucos. Toda “visão nova” sobre a questão da loucura nos leva a refletir se existe mesmo a loucura ou se ao longo dos tempos encontrou-se inadequadamente um lugar para loucura, visto que os tidos como loucos eram alienados ao sistema vigente.
Outra reflexão que o tema sugere seria abrirmos as janelas da demência (para melhor entendê-la), a partir do seguinte questionamento: existe lucidez no delírio? Se não, o legado de Nietzche não tem valor para a humanidade? Sua obra Ecce Homo, doze anos antes de sua morte, é um testamento legítimo do limiar da demência. É preciso ler a obra para entender cabalmente a visão de tragédia de Nietzche e a coragem de um gênio com objetiva exatidão tornando absolutamente inútil o que sobre ele foi escrito depois. Há nele uma demência lúcida a ponto de produzir obras fantásticas: na verdade, em Nietzche, a loucura foi apenas um passo para que ele pudesse se superar e transcender. Seria obra de um louco? Como o mundo acadêmico se debruça sobre essa e outras obras?
Vista  como doença mental, a relação que se desenvolve com a loucura pode variar muito de cultura para cultura. Ora, se a loucura e suas razões, interpretações e aceitação varia de cultura e de espaço geográfico, como é possível afirmar que ela seja um distúrbio da mente? Pode ser, na verdade, um “desvio” ou uma “acomodação” sociocultural. Assim sendo, a Psiquiatria  poderia  ser  uma “polícia moral” e de fato guardiã de valores dominantes. Assim sendo, neste trabalho, estamos propondo uma maior discussão nessas análises acadêmicas.
Hoje, a Ciência faz uma distinção entre loucura e doenças mentais. Os psiquiatras não se utilizam de temas como loucuras e nenhuma das atuais classificações dos distúrbios psiquiátricos os inclui. A loucura que a Psiquiatria trata é chamada de Psicose, uma distorção do pensamento e do senso de realidade que pode prejudicar a vida do paciente. Mesmo assim, com toda modernidade e reformulações, protestos e avanços conceituais, a Psiquiatria entende ser o medicamento a forma mais eficiente no cuidado dos transtornos.
Diante de toda essa reflexão sobre o que seria loucura, a pergunta que fica é: Quem é que definiu a palavra normal? Teria sido um louco? Uma pessoa muito feliz pode parecer, aos normais, um louco. Como disse Freud, a loucura existe em cada um de nós e,  com certeza,  mesmo estando presa em nosso subconsciente, vez ou outra dá uma escapadinha e nos surpreende. Talvez seja a hora de começarmos a lidar melhor com as nossas próprias neuroses, manias e “loucuras”. E, sobretudo, de aceitarmos as nossas diferenças.


·       Bibiliografia
Especial sobre Nietzche –Portal Terra Networks. Seção Educação.
Frayze – Pereira, João. O que é Loucura, Brasiliense, 1994.
Foucault, Michel. A História da Loucura na Idade Clássica, 1997. São Paulo, Perspectiva.

Assis, Machado de. O Alienista. São Paulo, Saraiva. 

segunda-feira, 3 de fevereiro de 2014

Olá amigos, tenho a alegria de compartilhar com vocês mais um poema de minha autoria.
Espero que gostem!