sábado, 6 de agosto de 2011

O Desenvolvimento na Infância


      O que ajuda muito na educação dos filhos é a informação sobre as fases de desenvolvimento da criança. Conhecê-los melhor é fundamental para um bom relacionamento. Mesmo que as crianças se manifestem de variadas formas, mesmo que cada um é por excelência um ser individual, a psicologia avançou no sentido de analisar e apontar as características mais comuns nas fases de desenvolvimento dos seres humanos. Crianças que estão em uma mesma faixa etária manifestam-se de forma parecida e apresentam em comum, características específica da faixa etária correspondente. Sabemos também que o ambiente social em que vive essa criança tem um impacto muito significativo em sua expressividade e desenvolvimento.
      A família, núcleo básico onde se estabelece as primeiras relações de afeto, comunicação, hábitos e os primeiros ensinamentos, tem uma parcela decisiva no desenvolvimento sócio-cognitivo da criança. Costumamos dizer que a crianças quando chega na escola para iniciar os seu ciclo escolar, ela não é um “livro em branco”, pois já trás de casa toda uma história de vida que se inicia, mas que já teve os primeiros ensinamentos. A crianças já está impregnada de valores e cultura que certamente são valores do ambiente familiar dela. Essa “educaçaão familiar” é na verdade um aporte de vida que os pais já realizam na rotina familiar. É importante recordar aqui que o aprendizado nas primeiras idades da infância se realiza a partir das experi~encias significativas que vão adquirindo as crianças ao serem satisfeitas as suas necessidades de interação,com o mundo em que vivem.
      Outra consideração muito importante quando discutimos as caracterísiticas das crianças em suas respectivas fases de desenvolvimento e a observância dos pais na forma como se relacionam em casa com os filhos. A forma como os pais se relacionam no campo emocional com seus filhos gera um impacto muito grande no seu desenvolvimento e nos reflexos da aprendizagem escolar. Quando os pais são emocionalmente aptos (Daniel Goleman, página 206), aqules que são mais compreensíveis e lidam bem com os sentimentos dos filhos, oportunizam a eles mais eficiência no aliviar-se quando pertubados, são mais relaxadas e gozam de mais simpatias com os eus pares, com benefícios cognitvos, pois elas prestam mais atenção e aprendem mais. Assim, crianças de pais emocionalmente aptos, aqueles mais afetivos, são crianças mais resolvidas, podendo então apresentar um desenvolvimento social e cognitivo mais avançado do que aquelas crianças, cuja o relacionamento emocional com os pais não são positivos. Essa questão é tão definitiva no desenvolvimento sócio-cognitivo das crianças que são emocionalmente seguras apresentam maior desenvolvimento na escola com resultados muito superior aos das crianças com algum deficit emocional.
    Antes de conhecermos as principais características de cada fase de desenvolvimento lembre-se que:

- crianças não pensam e não têm o mesmo comportamento que os adultos.
- crianças expressam suas ansiedades e desejos através de seu comportamento.
      
     Bem, segue aqui um pouco de cada fase do desenvolvimento da criança para você conhecer um pouco mais:
 

Bebê – até 18 meses:
- dependência total;
- acredita que ele e a mãe são uma pessoa só;
- aprende através dos sentidos.

Criança – 18 meses a três anos:
- começa a conhecer a “independência”;
- a “independência” provoca medo e insegurança;
- maior apego.

Pré-escolar: três a seis anos:
- iniciativa e muita curiosidade;
- imaginação;
- pensamento de que realiza o que quer.

Primeira idade escolar: seis a 11 anos;
- amizade e afeto fora de casa;
- identifica-se com o pai ou mãe;
- necessita de regras e disciplina.

  Pré-adolescente e início da adolescência:
- pensamento mais independente;
- busca de identidade;
- amigos ganham muita importância;
- timidez;
- testa as regras.

      Quer saber mais? Eu sugiro novamente que leiam o livro O Manual (de instrução que deveria vir com) seu filho. Dr. Daniel G. Amen, ed. Mercury. É um livro de fácil leitura e que certamente lhe ajudará muito.
            

Bibliografia:
  1. Educación infantil – Orientaciones y Recursos ( 0-6 años). Ed Ducacion. Madrid. 2005.
  2. Momentos Decisivos do Desenvolvimento Infantil. T. Berry Brazelton. Ed. Arimed.2003.
  3. Inteligência Emocional. Daniel Goleman. Ed. Objetiva. 2010.

terça-feira, 26 de julho de 2011

As relações interpessoais positivas no processo Ensino-Aprendizagem



      Muito se tem falado sobre a importância das relações interpessoais no nosso cotidiano. Outro dia mesmo, li um artigo na folha de São Paulo em que o articulista afirmava que, nas grandes empresas e mesmo nos pequenos negócios, o relacionamento positivo gera perspectiva de bons negócios. Pensei muito no que li e me perguntei: Em Educação, é necessário discutirmos relações interpessoais? A resposta veio com Celso Antunes, renomado educador que no livro Temas em Educação (2003, P.33) afirmou: “Todo professor íntegro se preocupa em dar uma boa aula. Mais ainda, gostaria de ministrar uma aula memorável, inesquecível... Com esse objetivo, pesquisa, estuda, debate, consulta, experimenta. Envolve-se no domínio de teorias pedagógicas... Nem sempre porém esse meritório esforço implica em resultados... O que falta? Muitas vezes a resposta a essa pergunta sintetiza-se no imenso tema das Relações Interpessoais”.
     Mas o que seriam Relações Interpessoais? Poderíamos dizer que se trata de um conjunto de procedimentos que facilitam a comunicação, estabelecendo laços fortes no relacionamento entre os indivíduos. Significa estabelecer entre a instituição, professores e alunos uma integração que permita a existência de confiança. Retomando Celso Antunes, diria que, principalmente na relação professor-aluno, o professor tem que buscar meios de transformar contatos em convívios, no sentido de estabelecer uma relação de troca. Em um sentido mais amplo, seria muito interessante que o professor desenvolvesse um papel de orientador, aplicando linguagens de comunicação que passe pelo aspecto afetivo. Manter um papel de autoridade ou uma relação distante com os alunos dificulta muito o processo Ensino- Aprendizagem. Portanto, investir em Relações Interpessoais é desenvolver estratégias de um bom relacionamento que servirá para a pavimentação de uma boa comunicação entre Educador e Educando. Desnecessário dizer que o projeto de uma boa relação interpessoal não exclui a necessidade da disciplina e o cumprimento das normas de convivência. Imagine, por exemplo, o professor de História tentando fazer uma explicação e a classe sendo incomodada pela indisciplina de um ou de outros? A boa relação interpessoal exige entendimento e entrega de ambos os “atores” no cenário da Educação. Professores e alunos têm que construir um clima de amistosidade, cordialidade, gentileza e cooperação.
      Nas relações interpessoais, é preciso considerar que cada indivíduo é um. O que vale para um não necessariamente é bom para o outro. Mesmo que uma brincadeira ou a utilização de um vocábulo pelo professor possa ser recebido naturalmente por todos em uma sala de aula, cada um terá uma impressão e acolherá a mensagem a partir de uma leitura fundamentada em sua experiência de vida. É preciso que o professor, disposto a construir relações interpessoais positivas, amenize os fatores geradores de conflitos presentes na própria forma de se dirigir aos alunos.
      A ideia de Escola avançou junto com a Evolução da Educação. Hoje, temos certeza de que não é a única função da Escola a transmissão de um conteúdo. A Escola aceitou o desafio de “transformar” o educando, a partir de uma formação cidadã que desperte o senso crítico e dê a ele uma consciência ecológica e responsabilidade social. Nesse cenário, as relações interpessoais passaram a ganhar importância fundamental e os laços entre o professor e o aluno estreitaram-se. Por tudo isso, o educador deve buscar estratégias de relacionamento interpessoal, cuidando com afeição de preservar o papel do professor que, em síntese, está relacionado a ensinar, a formar pessoas de maneira consciente, a partir de um relacionamento afetuoso e confiante com os alunos.



Fonte Bibliográfica:

TEMAS EM EDUCAÇÃO II – Livro das Jornadas 2003. Ed. Gráfica PubliCOC.

O que o aprendizado das letras fala para nós


Eu tenho um filho na fase de alfabetização. Ele está no momento auge da aquisição da escrita e da leitura. Sou eu quem faz as lições diariamente com ele, acompanhando o despertar para a escrita. Vejo-o motivado, alegre a cada desafio vencido e já construindo frases que me enchem de confiança.
Como diretor de uma escola de Educação Infantil e Ensino Fundamental, parei para refletir sobre o seguinte: o que pode estar por trás de crianças que em plena fase de aprendizado da escrita e leitura apresentam tantas dificuldades? Sei que há uma resposta reducionista a essa questão. Os especialistas dizem que o problema é a escola, a família ou mesmo a criança. Muitas vezes, o problema acaba mesmo sendo “despejado” no colo das crianças, que assumem toda responsabilidade no déficit. Felizmente isso está mudando. Hoje sabemos que aprender a ler e a escrever não depende só da aquisição de técnicas, mais do que isso, depende de dar sentido ao que se ensina, da afetividade por parte de quem ensina e da segurança por parte de quem está aprendendo. Assim, não é abuso dizer que crianças felizes, alegres e acolhidas, aprendem mais e melhor. Dessa forma, o sintoma infantil de não aprendizado tem sempre um valor relacional. Nem sempre o problema está na criança, mas sim refletindo na criança.
A escrita é uma marca, é uma expressão de ser e exige tempo e muito esforço. Requer dedicação, mas também acompanhamento e paciência. Cabe ao adulto, professor ou mesmo os pais em casa, ser facilitador do processo. Deve despertar na criança o desejo de aprender e não desvalorizá-la, caso não consiga rapidamente aprender. Faz-se necessário ver o erro da criança não como uma falta, mas como algo construtivo, erra-se no momento em que se tenta construir o correto. Por isso, a criança necessita de apoio e confiança, estímulos, através de elogios e pequenos desafios; um dia uma palavra nova é aprendida e em outro dia a palavra pode ser lida.
         A professora alfabetizadora está atenta ao desenvolvimento de seus alunos e apta a observar se há algo errado no processo. Ela possui a dimensão criadora, capaz de despertar nas crianças o desejo de se expressarem na escrita e na leitura. É ela que conduz o alfabetizando às descobertas mágicas da comunicação. Seu trabalho permite que a junção de símbolos revele um ser que se expressa em uma linguagem. É ela quem busca formas distintas de intervenção no processo pedagógico que oportuniza ao educando o despertar para a escrita e a leitura. Como educadora, está atenta às diversidades e à pluralidade de uma sala de aula, sempre pronta para ensiná-los. Por isso, procure a professora de seu filho, fale com ela, assim saberá se o processo de alfabetização de sua criança está transcorrendo naturalmente e o que é necessário fazer para continuar estimulando e ajudando nessa conquista. 

quinta-feira, 21 de julho de 2011

O brincar: a preparação para a alfabetização

 
O brincar, o lúdico, o simbólico no cotidiano das crianças são elementos essenciais para o seu desenvolvimento. As crianças, principalmente as menores, processam o mundo e as informações que recebem através de brincadeiras. É dessa forma que ela cria, imagina e se realiza. Brincando, a criança aprende com toda riqueza do aprender fazendo, sem ter o medo de errar. Ao brincar, as crianças aprendem a conviver respeitando os outros e dividindo com os amigos. É no brincar que as crianças aprendem as primeiras regras de disciplina e a necessidade de negociação. Também é brincando que a inteligência criativa é aguçada e o imaginário torna-se real. Assim sendo, o brincar não é só uma ocupação de diversão, mas um momento muito importante no desenvolvimento infantil.
É no mundo do brinquedo, onde a criança pequena vive mergulhada, é que devemos buscar as ferramentas para trabalharmos os primeiros passos para o desenvolvimento físico e psicológico capaz de assegurar as crianças um nível tal que a alfabetização passe a ser interessante e vivenciada como um jogo. Nesse prisma a escola torna-se lugar de brincar. Um brincar orientado, a partir de propostas e não brincar livre, embora haja também lugar para a recreação. Porém é importante que saibamos que o lúdico tem o lugar de destaque na ação do aprendizado.
Quando a criança entra no 1º ano do Ensino Fundamental, inicia-se de fato o processo de alfabetização do educando. Para as crianças é um marco, uma conquista, pois elas acham que estão entrando em uma “escola de verdade”. Para os pais, também, o primeiro ano é um marco, um começo. Seu filho está entrando no “mundo real”. Esse é um momento crítico, pois como ocorre em cada etapa de conquista, haverá regressão, mas é importante salientar que teremos também nessa etapa inicial do ensino fundamental o brincar como elemento necessário para o aprendizado. Mais uma vez, o lúdico se alia as técnicas pedagógicas para a construção do aprender. Aos poucos o simbólico vai dando lugar ao real e criança vai crescendo e aprendendo a dominar os códigos da escrita e da leitura.
O lúdico possibilita que a criança exerça sua capacidade de criar, favorecendo a auto-estima e auxiliando-as a superar o egocentrismo, contribuindo sistematicamente para que a criança interiorize determinados modelos de adultos, no âmbito de diversos grupos sociais.
Observa-se que crianças que manuseiam deste cedo os brinquedos são seres felizes, aptos a se desenvolverem de forma criativa, conseguindo se expressar melhor com o mundo em que vivem. Assim, por meio do Lúdico, a criança realiza uma aprendizagem significativa, pois o ato de brincar proporciona a ela uma relação entre as coisas e as pessoas e, ao relacioná-las constrói o seu entendimento, refletindo aquilo que percebe do mundo, como os aspectos sociais, familiares e culturais e percebendo os futuros papéis que terão que desempenhar. Com isso o seu cognitivo e afetivo estão sendo estimulados. Por isso, a brincadeira deve ser compreendida como uma atividade social da criança e fundamental para a construção de sua personalidade.
Em alguns estabelecimentos de ensino se trabalha com o “dia lúdico”. Para nós esse dia é sempre a sexta-feira. É um dia definido como de lazer e aprendizagem onde a criança se transforma, toma características que não possui e se remete ao mundo de fantasias que com certeza contribuirá muito para o seu desenvolvimento.
Aproveitem esse momento em que seus filhos estão. Brinquem com eles e acompanhe o seu desenvolvimento, ajudando-os nas lições de casa. Dessa forma, eles crescem confiantes e felizes para o mundo. Tenham certeza sempre que estamos atentos aos movimentos de cada um de nossos alunos, certos de que nossa prontidão é de importância fundamental para o sucesso de nossa missão.

             

Fonte bibliográfica:

1. CUNHA, Nylse Helena Silva. Brinquedoteca: um mergulho no brincar. Ed. Vitor. São Paulo 2001. 

2. BRAZELTON, T. Berry e Joshua D. Sparrow. 3 a 6 anos – Momentos decisivos no desenvolvimento infantil. Ed. Animed. Porto Alegre, 2003.

quarta-feira, 20 de julho de 2011

sexta-feira, 1 de julho de 2011

O papel do Educador na formação de pessoas – o aluno visto como ser humano em formação

     A Psicologia Moderna tem colocado, com freqüência, questões que norteiam, ou tentam nortear, a relação professor-aluno em sala de aula. Muito se tem dito sobre a necessidade de resgatarmos o papel do professor na “formação de gente”. Na verdade, hoje, a pedagogia e ciências afins vêm discutindo não só o papel do Educador, mas principalmente o seu desempenho como agente capaz de oferecer ao educando mudanças significativas não só no aspecto cognitivo - afetivo, mas também no sócio-ambiental e no ético-moral.
      Ao contrário do que muitos imaginam, os alunos não querem um professor “amigo”, da forma como entendemos o significado da palavra. Eles querem um professor sério e comprometido. Um professor que saiba brincar com inteligência e na hora certa. Bem humorado e ativo. Contudo, querem que ele exerça a sua autoridade com segurança e com respeito aos direitos de todos. Amigos, eles têm vários, autoridades com respeito, poucas. Por isso, tenha certeza de que o professor que se coloca respeitosamente diante da classe ganha confiança e transmite valores. Já  o professor que se coloca de forma agressiva ou desorganizada, colhe falta de confiança e falta de respeito.
     Muitos alunos estão insatisfeitos com as aulas e os professores. Apresentam-se desmotivados e apresentam um rendimento médio (quando muito), mostrando interesse apenas em “passar de ano”, sem aprender de fato o conteúdo. Isso ocorre, acredite você, devido à falta de autoridade do professor em sala de aula. A autoridade a que me refiro não é a imposição da vontade pessoal do professor, mas o respeito conquistado por ele diante da classe. O Educador que tem autoridade possui a capacidade de liderar e conduzir os alunos. O professor respeitado consegue da classe e faz pela classe, é admirado e torna-se fonte de inspiração e modelo. Ao contrário, o professor que não está “vestido” da autoridade do educador dissipa a motivação e mantém os alunos na passividade total. O professor que tem a consciência de seu papel, de sua personalidade e da sua identidade construída não se sente inseguro, ele transmite confiança e em seguida respeito. Assim, pode ser amigo, pois um professor amigo é alguém com abertura, autoridade e segurança. É alguém que faz justiça, que não humilha, que controla a disciplina e ensina com vontade. Com tanta vontade que o aluno percebe. Essa é a base para que os alunos confiem a ponto de aceitarem os valores daquele Educador, absorvendo também a metodologia e o conteúdo. Dessa forma, um professor para ser o educador que forma seres humanos não pode ser apenas um grande conhecedor de sua disciplina, é preciso que seja humano, real e “possível”, construa uma relação de respeito mútuo com os alunos e os demais colegas, tenha uma vida pautada em valores éticos e morais e que tenha consciência da importância de seu trabalho. Esse modelo de educador é o que constrói o vínculo necessário com o educando, transformando-o em alguém capaz de confiar amplamente no professor. Aqui está a matriz de valores que constrói no inconsciente coletivo o verdadeiro papel do educador.



  Fonte bibliográfica:

  1. DELORS, Jacques. A educação para o século XXI, questões e perspectivas. Porto Alegre. Ed. ArtMed, 2005.
  1. FREIRE, Paulo. Pedagogia da autonomia.São Paulo. Ed. Paz e terra, 1997.

A “Desconstrução” do Professor e a Construção do Educador

“Educação é, sobretudo, formar a autonomia crítica e criativa do sujeito histórico competente”. (Pedro Demo)


      Muitos educadores iniciam sua carreira sem conhecer exatamente a dimensão de seu papel, a importância política de seu trabalho e os desafios que o aguardam. Muitos, principalmente na Educação Infantil e nas séries inicias, começam o trabalho de educador como Assistentes de Ensino, ganhando assim alguma experiência. Mas a maioria assume uma classe ou uma disciplina sem experiência concreta em relação à ação, para ensinar e educar. O resultado disso é que o professor iniciante na carreira acaba revelando uma fragilidade que na maioria dos casos se dá em plena formação. Aquele que cursa uma Faculdade que o licenciará para a prática do magistério tem, na estrutura do curso, uma preocupação maior com a formação de um Literato, um Historiador, um Geógrafo, etc, do que um educador. Necessitamos de Educadores com conhecimentos específicos e universais e não um Professor capaz apenas de prover o aluno de um conhecimento acadêmico e técnico.
     “Desconstruir” o professor é, na essência, tirar do educador o foco exclusivo da informação (teoria e academicismo). Construir o educador é dotar o professor do compromisso político de formador e transformador. É fazê-lo ator principal, estrelando no papel de ensinar e formar o ser humano. Para tanto, faz-se necessário que o educador desenvolva uma visão ética e política de sua ação, tomando consciência de que o educador educa não só com palavras dirigidas, mas com exemplos, posturas, gestos e ações de cidadania.
    A revisão de nossos papéis como educadores semeia em nós a inquietação. De imediato nos armamos de defesa e apontamos todas as deficiências do Sistema Educacional e o pouco envolvimento de nossos alunos. Criticamos a instituição de que fazemos parte e quase nunca nos colocamos em situação de auto-crítica. A verdade é que o professor está tão comprometido com o ato de “dar aulas” que não consegue imaginar que o papel de educador transcende a essa condição. É preciso que o professor assuma o papel de educador e rompa o lugar comum de quem dá aulas. Ele tem é que Ensinar, na amplitude do significado do termo. O diálogo interior é, com certeza, o principal elemento para que o educador se construa, a partir da ”desconstrução” do “dadador de aulas”.
      Após essa caminhada interior e essa reflexão sobre o verdadeiro papel do professor, é que teremos a construção do educador. O professor irá então transformar-se em formador, absorvendo a idéia de que necessita se reformular como  educador, compreendendo que ao ensinar, também aprende e, ao aprender, consegue ensinar ainda melhor. Assim a base do compromisso do educador é o “objetivo” e não somente a “matéria”. “Dar o programa”, “cumprir a matéria” deve ser apenas parte do compromisso do educador e não o todo. Cumprir o conteúdo é importante, na mesma proporção que importante é a ação do “formador de gente”. Dessa forma, o professor deixa de ter somente a “função técnica instrucional” e passa a ter a função política de formar pessoas como ser integral, total. Assim o docente se refaz enquanto educador. É na reconstrução de seu verdadeiro papel que o professor deixará de lado sua versão coisificada de instrutor e passará a assumir o novo papel de conscientizador, do formador de opinião, do orientador de alunos capazes de enfrentar a realidade da vida.
      Neste momento de nossa reflexão, é preciso reconhecer que a escola, enquanto instituição de ensino, está moldada no Sistema Educacional criado no País e  que o mesmo não permitiu a construção de uma proposta que levasse os educadores  a atuarem de forma diferente, mas apenas como treinadores de habilidades e avaliadores de competências. Foi o “Pecado dos vestibulares” que acabou engessando o educador que, focado somente no resultado quantitativo, esqueceu ou deixou de lado a necessidade de uma ação mais formadora. Acredito ser possível dentro do modelo, digamos tradicional, achar brechas e atuar a partir dessas brechas que o próprio Sistema Educacional deixa.
       O professor, na prática do magistério, necessita mudar. Porém, antes que a mudança opere em sua prática, deve perguntar o porquê da necessidade de mudanças. A resposta, com certeza, será ponto de partida para novas reflexões que levarão a outros porquês, que certamente nos colocarão diante de questionamentos que cumprirão, por si, o papel da necessária “desconstrução” do “Professor aulista”.
     O educador é aquele que constrói, que vê o mundo com olhos de esperança e de paixão. É aquele que crê na sua capacidade transformadora, que fascina os alunos e dá bons exemplos. É o mestre que provoca reflexões e abala com suas opiniões. O professor, ao contrário, é aquele que habita o mundo funcional do aprendizado. É o que está preenchendo relatórios, cadernos de chamada, adquire respeito por ser legal e somente por isso. É aquele que cumpre o programa e que avalia os alunos. Funciona, ensina, mas não fascina, não transforma e não desperta reflexões interiores. É aquele que pensa educação como sendo um manual técnico de estratégias e métodos. Não há mais lugar para esse docente, visto que as propostas e projetos escolares, principalmente na Educação Básica, apontam para a necessidade de uma visão educacional diferente da existente hoje. Estamos no caminho da interdisciplinaridade, da justaposição dos temas, da formação cidadã, da visão ecológica e do politicamente correto. Assim, o professor tem a tarefa de se colocar a serviço desta visão, assumindo o papel definitivo do educador que acredita que o pensar abre o fazer (Heidegger – 1981), fazendo da escola um ambiente vivo e dialético, a serviço da missão de educar.

  
Referências Bibliográficas:

- Heidegger, Martin. Avaliação: mito e desafio.
  Porto Alegre. Ed. Educação e Realidade, 1993.

- Freire, Paulo. A Pedagogia da Esperança.
  Rio de Janeiro. Ed. Paz e Terra, 1992.

- Antunes, Celso. Como transformar informações em conhecimento.
  Petrópolis. Ed. Vozes, 2001.

- Demo, Pedro. Participação é conquista – Noções de política social do   
  Professor. São Paulo. Ed. Paz e Terra, 1987.