quinta-feira, 5 de maio de 2011

A AQUISIÇÃO DA ESCRITA E OS PRÉ-REQUISITOS ESSENCIAIS


A linguagem escrita é uma das múltiplas linguagens de expressão da criança e deve ser tratada como objeto de conhecimento no contexto das demais linguagens. Como é uma expressão que exige habilidades e competências, sua aquisição requer a aplicação de uma metodologia de trabalho. A pergunta que não consegue se calar em nossa mente agitada de educador seria a seguinte: qual é o melhor método para esse aprendizado? O que vem antes, a leitura ou a escrita? Por onde começar? A questão exige uma reflexão.
Você consegue lembrar quando foi alfabetizado(a)? Por quem foi alfabetizado(a)? Você sabe se primeiro aprendemos a escrever ou se é o contrário? Você se lembra de seu desempenho na educação infantil? Indo ainda mais longe, você fez educação infantil? Você lembra se tinha consciência de que o mundo poderia ser lido ou escrito? Na verdade, cada um vive um processo e encontra o caminho de ler ou escrever o mundo, expressando-se de forma diferente da que se expressava no período da pré-alfabetização.
No contato que temos com os pais e educadores, notamos a existência de uma concepção confusa sobre os objetivos básicos que norteiam o trabalho escolar com as crianças pequenas. Isso certamente acarreta dúvidas, insegurança e angústia. Entre as dúvidas mais freqüentes, temos a questão: seria a educação infantil uma preparação para a alfabetização?
Parece que essa dúvida é alimentada pela concepção de que as salas de alfabetização são um espaço físico onde se ensina a ler, a escrever e a fazer contas, isto é, Português e Matemática, e que a educação infantil nos estágios mais avançados seja uma preparação, ou até mesmo no 2º estágio a classe que cumpre esse objetivo.
Ora, a pré-escola é a preparação da criança como um todo. O potencial afetivo, afetivo, social, cognitivo, emocional, motor etc da criança será estimulado. Assim, estão sendo preparadas para a realização de outras atividades cada vez mais complexas; a seu tempo, aprenderão, brincando,  e desenvolverão habilidades que a tornarão emocional e neurologicamente capazes de adquirirem a escrita.
Nós, educadores, sabemos que a alfabetização significa o domínio da leitura e da escrita, cujo processo é longo. Para que a criança domine a escrita, é necessário que antes ela passe por uma série de etapas em seu desenvolvimento, sendo, então, preparada para a aquisição da escrita e da leitura. Essas etapas compõem a chamada fase da pré-escola.
Como a alfabetização é um processo complexo para as crianças, é importante que se respeite o período preparatório que dará à criança o suporte necessário para ela prossiga sem que apresente grandes problemas. Se ela não teve uma boa preparação, poderá, na alfabetização, apresentar dificuldades em relação à orientação espacial ou à coordenação motora fina. Esses dois pré-requisitos são essenciais para o domínio da ferramenta (lápis) que desenhará o contorno das letras. Por isso, não poderemos nos precipitar. O período propício à alfabetização é entre 6 e 7 anos. Segundo Freud, é a chamada “fase latente”, que é quando a criança não tem mais interesse em descobrir o corpo, podendo assim se dedicar ao “aprender a escrever e a ler”.
O processo de alfabetização não acontece como um passe de mágica. Levará até 02 anos, dependendo da maturidade da criança e dos estímulos recebidos na escola e na família. Com certeza, daí por diante, a criança terá que aperfeiçoar a gramática, a compreensão e a interpretação, além da produção de textos. Mas, para que elas cheguem a atingir todo esse domínio sobre a escrita, é necessário também afetividade, sono, saúde, ótima alimentação e ambiente familiar tranquilo.
Para que uma criança seja alfabetizada, ela necessita também de ter uma autoestima elevada, estar bem emocionalmente, ter segurança e saber portar-se em grupo, ter disciplina e limite e ir, aos poucos, ganhando independência e responsabilidade.

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