sábado, 14 de maio de 2011

DISTRAÇÃO, IMPULSIVIDADE E HIPERATIVIDADE: SAIBA MAIS SOBRE O DISTÚRBIO DO DÉFICIT DE ATENÇÃO



      Recentemente, muitas denominações e siglas têm surgido para referir-se ao Distúrbio do Déficit de Atenção (DDA), quando mais severo, o distúrbio é denominado  Distúrbio do Déficit de Atenção com Hiperatividade – Impulsividade (DA/HI), na prática, DA ou DA/HI e outras denominações são agrupados sob o prisma da sigla DDA (entendimento mais recente entre os profissionais clínicos que fazem o diagnóstico e o tratamento do referido distúrbio).
      O que é na prática o DDA? Quando falamos em DDA, não estamos exatamente tratando de um cérebro com “defeito”, referimo-nos sim a alterações da atenção, impulsividade e da velocidade da atividade física e mental em crianças e em adultos. O distúrbio está apoiado no tripé: distração, impulsividade e hiperatividade. Para melhor compreendermos o problema e conhecer a angústia dos portadores desse déficit, vamos analisar o referido tripé.

1) Distração: Este sintoma é o mais importante no entendimento do DDA. O portador pode não apresentar alteração na atenção. Os sintomáticos são crianças ou adultos que apresentam acentuada dificuldade na concentração. Possuem forte tendência à dispersão, são distraídos a ponto de não conseguirem a concentração necessária para o bom desempenho na escola e no trabalho. Distraídos, atraem para si dificuldades de organização e até mesmo de convívio social. As relações interpessoais são abaladas por aquilo que se apresenta como sendo desinteresse ou descuido, mas na verdade foi a distração que gerou o esquecimento.

2) Impulsividade: Ser impulsivo é reagir com força diante dos estímulos do mundo externo. É emergir com muita emoção, é ter ato impulsivo. Tal fato provoca impacto negativo no convívio social, no meio familiar e também no ambiente profissional. O DDA é inconstante emocionalmente, apresentando impulsividade verbal, o que causa a ele sérios problemas. As crianças costumam dizer o que lhes convém, criando atrito no grupo social e mesmo em casa. O adulto, com tanta impulsividade acaba tendo problemas no relacionamento afetivo e profissional. Muitas vezes nós confundimos a impulsividade, sintoma de DDA, com temperamento forte da pessoa. Observe com cuidado, o DDA entra e sai com freqüência nos grupos sociais e empregos, além de ter problemas sérios no relacionamento amoroso. Tudo para ele é muito, é intenso. Há forte tendência a compulsividade e muito desespero. 

3) Hiperatividade: Há muita agitação nas pessoas portadoras de DDA. Quando crianças, desassossego na escola, brigas na rua,  movimentam-se correndo ou pulando, mexem em vários objetos ao mesmo tempo e são considerados muito levados. Na fase adulta, eles dormem pouco, o cérebro não consegue desligar, “sacodem” as pernas, ficam sem sossego até mesmo  quando sentados na cadeira, sentem-se cansados e irritadíssimos com tudo.

      A Dra. Ana Beatriz B. Silva, psiquiatra e autora da obra Mentes Inquietas, elaborou uma tabela com cinqüenta critérios para caracterizar um DDA. Irei salientar alguns pontos mais perceptivos que, na minha opinião, contribuem para maior caracterização de um DDA:
            - Atenção desviada com facilidade;
            - Desorganização;
            - “Brancos” durante uma conversa;
            - Interrupção na fala dos outros;
            - Interrupção de tarefas no meio;
            - Está sempre inquieto (pernas e mãos);
            - Realização de várias coisas ao mesmo tempo;
            - Costuma dar respostas antes que a pergunta seja concluída;
            - Impaciência;
            - Compulsão para compras;
            - Ações contraditórias;     
            - Baixa auto-estima;
            - Dependência química;
            - Depressões freqüentes;
            - Intensa dificuldade em manter relacionamentos;
            - Tendência a tropeçar e deixar cair objetos;
            - História familiar positiva para DDA.
           
       Na escola, principalmente nas séries iniciais do Ensino Fundamental, os profissionais de educação têm um papel importante para o diagnóstico de um DDA. A psiquiatria e especialidades médicas afins têm tido avanço no tratamento de pessoas portadoras. Há medicação capaz de atenuar o problema e permitir o fim do desconforto pessoal e social do indivíduo, permitindo, assim, a sua inclusão a um estilo de vida considerado normal. Segundo estatísticas atuais, o problema atinge cerca de 3% a 5% das crianças, sobretudo as do sexo masculino. Assim, os educadores e familiares têm que estar atentos para o problema e não simplesmente encarar as crianças portadoras como “desafiadoras” e “teimosas”.


Fonte:
1. Livro do 6º Simpósio Nacional Sobre Distúrbios de Aprendizagem. Coletânea de diversos artigos, São Paulo, 2002. 
2. Mentes Inquietas. Ana Beatriz B. Silva, Ed. Gente, São Paulo, 2003. 34ª Edição.

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