quarta-feira, 11 de maio de 2011

Os Sofistas e a História da Educação


Foi com Sófocles, na Grécia do séc. IV, durante o Helenismo, que a educação surgiu em seu sentido estrito, na amplitude de seu significado: o conjunto de todas as exigências físicas, intelectuais e espirituais do ser humano. Assim, deixa de ser a educação uma herança do ofício do pai ao filho que, a partir de uma certa idade, era por ele educado, mas uma educação total, capaz de satisfazer os ideais dos homens da Pólis. Nasce então a concepção da Paidéia que, na essência, é a formação do homem grego na sua concepção de cultura, educação formal e expressão da espiritualidade e a cidadania, ética e cultura.
Os gregos antigos, como todo povo que atinge um grau de desenvolvimento, inclinaram-se para a educação. Sabiam que a educação pode mudar os homens na sua dupla natureza: a corpórea e a espiritual e que a educação participa da vida e do crescimento da sociedade.
Os sofistas, seguidores do pensamento de Sófocles, foram considerados os fundadores da ciência da educação. Foram eles que estabeleceram os fundamentos pedagógicos que até hoje servem de sustentação para a pedagogia contemporânea. Lançaram o princípio da “arte de educação” e da “educação como arte”, na função de transmissão do saber. O sofista se dava como satisfeito quando transmitia a sabedoria. Assim, se a pedagogia é a arte de ensinar, o sofismo é a arte de ensinar a pedagogia.
Os sofistas vêem a educação de forma consciente, como fruto histórico amadurecido da evolução do povo grego. É resultado da consciência filosófica e poética desse povo. Por isso, para eles, a educação estava ligada aos valores culturais e espirituais dos gregos e, por isso, defendiam a idéia de que a educação não poderia se limitar à fase da infância dos homens, mas acompanhá-lo também em sua fase adulta. Não vamos pensar aqui que essa educação era de pessoas comuns. No mundo grego isso não aconteceu. A educação era uma prerrogativa de uma elite que não necessitava do trabalho para a sobrevivência. Estudavam aqueles que eram naturalmente liberados do trabalho, ou seja, quem não necessitava do mesmo para a sobrevivência. Os sofistas educavam uma elite, reproduzindo seus valores e práticas.
Sendo uma educação de elite, a pedagogia dos sofistas formava os cidadãos para a política, para a “cidadania do poder”. A elite da época tinha que ter preparo para escrever as leis que garantiriam o “Status Ouor” dessa mesma elite, em prol de seus interesses. Necessitavam então de um intelecto universalizado, capaz de conhecer as vontades humanas da elite dominante.
Sendo assim, os sofistas, assim como qualquer pedagogo, ensinavam para a formação de uma elite. Ensinavam as virtudes da política que seriam ferramentas para a prática do poder, a essência do Estado.


BIBLIOGRAFIA:
JAEGER, Werner Paidéia. A formação do homem grego. Ed. Martins Fontes, 1995.

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