“No contexto da sociedade da informação, a escola precisa aprender a incorporar as linguagens do ciberespaço aos espaços de construção do saber, tendo em vista o fortalecimento da cidadania. Ao lado da alfabetização da leitura e da escrita está a alfabetização tecnológica.” (Giuliana Cavalcanti Vasconcelos) – Pedagoga, Especialista em Educação infantil e aluna especial no curso de mestrado de Ciência da Informação das UFPA.
Sabemos que não existe limite para a evolução da informática. Por isso, precisamos nos adaptar a esta evolução do conhecimento. Os computadores estão em toda parte. Ainda assim, os educadores não alcançaram uma boa forma de uso de computadores nas escolas. Mesmo sabendo que o seu uso é de grande importância na educação, os sistemas educacionais ainda não conseguem compatibilizar a transmissão dos conteúdos com o uso dessa ferramenta. Há insegurança, falta de dinheiro e tempo, ou o uso inadequado, sendo usado apenas como marketing.
Penso que necessitamos de critérios, métodos legais e padrões para a utilização da informática no ensino fundamental.
Sabemos que há críticas à utilização dos computadores na escola, principalmente nos níveis da pré-escola e ensino fundamental. Segundo Seltzer(1994), as máquinas devem ser consideradas como mero instrumento para uma porção de atividades úteis, mas não devem ser utilizadas em substituição à relação aluno-professor, substituindo um relacionamento humano em educação. Mas nós devemos esquecer os computadores em pleno século XXI? Não, devemos sim participar da evolução dos tempos, certos de que a utilização dessa tecnologia não deve ser como um fim em si mesmo, mas como uma ferramenta auxiliar no processo de ensino e aprendizagem.
A utilização de informática na educação, no sentido de ser uma ferramenta diária na relação do educando com o conhecimento, oportuniza:
01.o despertar da curiosidade;
02.aumento da criatividade;
03.auxílio no aprendizado, como por exemplo, a utilização de softwares educacionais;
04.maior produtividade em relação ao tempo;
05.relacionamento cotidiano com a tecnologia à disposição – maior interação com o mundo global e cibernético.
Visando a um aprofundamento da discussão, enumero as possibilidades de desvantagens do uso da informática em caso de:
01.falta de preparo do educador;
02.utilização excessiva sem planejamento estratégico em didática.
Vivemos em um mundo dominado pela informática e por processos que ocorrem de maneira muito rápida e, às vezes, imperceptível. Os conteúdos e até alguns processos que a escola ensina estão se tornando obsoletos rapidamente. Neste cenário, a memorização de informações vem dando lugar à capacidade de buscar, pesquisar e selecionar as informações. Desta forma, vejo a informática educativa não como uma “máquina de ensinar”, mas como uma mídia educacional. Isto é, o computador como uma valiosa ferramenta educacional, uma ferramenta de complementação e de possível mudança na qualidade do ensino e consequente melhoria no aprendizado.
Hoje, há diversos setores que buscam a integração on-line de alunos do ensino fundamental em todo o Brasil. O site da Escola do Futuro, da Universidade de São Paulo, se apresenta como um laboratório interdisciplinar que investiga como as novas tecnologias de comunicação podem melhorar o aprendizado em todos os níveis.
A Escola do Futuro reúne vários projetos educativos, entre eles o Projeto Telemar Educação, com parceira com a USP, que propicia a implementação de uma rede de comunicação entre escolas públicas do ensino fundamental, localizadas em 16 estados brasileiros. É a informática servindo de ferramenta e linguagem entre os estudantes do ensino fundamental em escolas públicas do país. Por ironia ou dialética, a iniciativa pública em educação está mais à frente da iniciativa privada.
A sociedade brasileira passa por consideráveis transformações em função do uso de novas tecnologias de informação e comunicação que são realidade em toda a aldeia global. A escola contemporânea não foge à regra, pois ela atravessa mudanças em decorrência da referida transformação. Percebe-se uma pressa maior por parte das escolas particulares em se ajustar às mudanças, em função da exigência do mercado de trabalho e também da linguagem do público oriundo das classes médias. Essa demanda de público que busca a instrução com os instrumentos tecnológicos não para de crescer. Por essa razão, há necessidade de refletir sobre a utilização de ferramentas tecnológicas em educação, a partir de um viés progressista, dando aos educadores e educandos oportunidade de abrir novas perspectivas diante das mudanças em curso na forma de organização da sociedade.
Com base nessas colocações, penso que a escola deve ter uma postura de adequação, preocupando-se com a formação das novas gerações, a partir de uma postura ativa para adotar na prática escolar a utilização de recursos de informática como ferramentas que operem no sentido de dar ao aluno a construção do conhecimento e que possibilitem aos professores o desenvolvimento de competências que vislumbrem uma nova postura frente aos novos aspectos que avançam e mudam aceleradamente. Assim, formamos pessoas ativas, construtoras de conhecimento e participantes da criação cultural.
A educação deve se voltar para formar cidadãos reflexivos, mas conhecedores de tecnologias que servem pedagogicamente para proporcionar o desenvolvimento de habilidades que permitem o acesso às tecnologias da informação e comunicação cada vez mais presentes na vida de todos nós.
As tecnologias, quando aplicadas à educação, devem ser entendidas como ferramentas que servem ao trabalho prático na produção do conhecimento e no processo de aprendizagem. Não devem ser entendidas como fim, mas sim um meio no processo didático-pedagógico.
Sabemos que as referidas tecnologias digitais vêm demonstrando que de fato é possível o desenvolvimento de um novo paradigma educacional. As crianças cada vez mais cedo estão sendo expostas aos estímulos do mundo digital, influenciando e muito o comportamento e mesmo a comunicação, provocando o desenvolvimento de novas competências fundamentais, tais como o pensamento hipotético e dedutivo, a capacidade de observação e memorização.
Para as séries iniciais do Ensino Fundamental, existem no mercado softwares, materiais educativos que disponibilizam enciclopédias para consultas, jogos educativos, atividades de avaliação etc. que já são amplamente consumidos, o que demonstra a interação das tecnologias digitais e a educação. Diversas editoras e sistemas de ensino vêm desenvolvendo projetos para atender a essa demanda, o que sinaliza para nós o modelo futuro a ser utilizado no processo ensino e aprendizagem.
Buscando refletir mais acerca da utilização de tecnologias digitais nas séries iniciais do ensino fundamental, inquieta-me a questão; os alunos dessa faixa etária estão prontos para o desafio de uma “educação tecnologizada”? Isso não irá atrapalhar o domínio da leitura e a aquisição da escrita? Buscando Piaget e sua Teoria dos estágios (Mussen 1975), observamos com clareza que, no terceiro estágio, designado Fase das operações concretas (sete aos 12 anos), a criança tem como principal característica o uso do pensamento lógico e do raciocínio. Isto significa que elas estão prontas para a manipulação de materiais concretos que exigem raciocínio e lógica. Dessa forma a interação com o computador se dá nessa faixa etária de forma natural. E quanto ao aprendizado da leitura e da escrita? Ora, a multimídia é a combinação de texto, som, imagem, animação e vídeo. Por isso, uma forma poderosa de comunicação, pois desperta no aluno o interesse e promove a retenção da informação. Para a educação, uma multimídia bem empregada estimula todos os sentidos e atua como uma poderosa ferramenta para a construção de palavras e frases. Há na tecnologia um forte apelo visual e movimentos fascinantes que motivam e estimulam o educando.
Um material educativo tecnológico utilizado de forma adequada oferece muitas vantagens, pois fixa os conteúdos, dá autonomia, motiva, oportuniza desafios e, principalmente, gera o prazer de aprender. Porém cabe salientar que toda tecnologia educativa deve ser aplicada a partir de objetivos pedagógicos e com base em uma metodologia para o fim, que é o aprendizado das crianças. Como já foi enfatizado, a informática deve ser um meio e não um fim, uma ferramenta de apoio para a perfeita realização do processo ensino-aprendizagem.
Bibliografia:
1. SELTEZER, Waldemar W. Computadores na educação: Por que, quando e como. 5º Simpósio brasileiro de informática na educação. Porto Alegre, RS. Campus PUCRS, 1994.
2. PIAGET, Teoria de Piaget. In: Mussen. Paul h(org) Psicologia da criança. São Paulo. EDUSP. 1975.
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