É muito comum nos dias de hoje nos questionarmos sobre a educação que estamos dando aos nossos filhos. E, mais do que isso, é comum nos sentirmos inseguros com as atitudes que temos ou com as providências que tomamos diante de um conflito na difícil tarefa de educar. Tenho crianças em casa e, por isso, não só como educador mas como pai, eu mesmo me vejo diante do dilema: “será que estou fazendo a coisa certa?”
No meu entendimento, erramos muito, mesmo que o único objetivo seja acertar. Erramos por excesso, por medo ou por achar que somos mais vividos e, por isso, sabemos exatamente o que fazer. Lembro que meus pais também agiam assim e, com certeza, meus avós também agiram dessa forma. Mas o que fazer para tentar errar menos? É importante termos segurança, metas educacionais e muita clareza em nossos objetivos. São os nossos valores e princípios, nossa ética e preceitos que devem nortear nossa caminhada.
Se você acha que seu filho agiu errado porque uma atitude dele acendeu a luz amarela de sua consciência, converse com ele, mostre a ele o caminho de forma segura e paciente. Seja firme, mas dócil. Não tenha culpa por reprimir uma ação que não julgue aceitável. É necessário o diálogo e é preciso impor limites. Não podemos ser omissos, permitindo que a criança faça de tudo. É feio e é, acima de tudo, ruim para ela. Diante dos colegas, vizinhos e parentes, ela se torna uma criança indesejável, chata. O pior é que ninguém fala isso para nós, e a gente sempre tem aquela desculpa: “É fase, isso passa”. Passa se agirmos, se interferirmos, no sentido de corrigir. Amar a criança é torná-la aceita em seu meio e permitir que ela seja feliz.
A boa educação não deve ter como parâmetro os conflitos que nós tivemos na infância. A criança de hoje vive em mundo diferente do nosso. Não adianta pensar que nossos filhos irão agir como agíamos. Eles são de outra época. Assim, cada filho é um ser individual que vive seus dilemas e que reage de forma diferente do que reagiríamos ou reagimos quando vivemos na infância conflitos semelhantes. Agora, uma coisa é certa, mesmo vivendo em “mundos diferentes”, somos seres humanos dotados de sensos que necessitam serem despertados. Os pais, ao lado dos professores, são os responsáveis por essa magnífica tarefa: despertar nas crianças os sensos que a formarão como seres humanos. Educar é isso. É conduzir, orientar e formar.
Aos pais, cabe ainda uma avaliação mais profunda: é necessário observar se estão mesmo vigilantes quanto ao propósito de serem mestres de seus filhos.
Não deixe que os mesmos sejam desrespeitosos quando falam com você. Seja afetuoso e ensine a eles a valorizar o que possuem. Cobre deles respeito e compromisso. Permita que eles sejam autônomos, mas mostre o porto, caso necessitem de apoio. Seja cúmplice deles e estabeleça limites. Não é uma forma mágica, mas sim um princípio simples que na correria do dia-a-dia esquecemos. Os pais têm que estar seguros do que realmente querem de seus filhos e para os seus filhos. Com tudo isso, ainda tenho coragem de dizer a vocês que continuaremos errando. Não muito, mas ainda erraremos, mesmo que a vontade seja sempre de acertar.
Quanto aos valores, saibam que pai e mãe têm mais responsabilidade do que a escola. Os princípios éticos e morais, embora colocados pela escola, são parâmetros de cada família ou grupo social em que essa família está contextualizada. Claro que não iremos ter uma unanimidade na questão dos valores humanos, mas se faz necessário observar junto aos filhos as necessidades de respeitarem os amigos, os mais velhos, os professores e o ambiente em que vivem. Respeitar a natureza, as diferenças étnicos culturais e conhecer as mazelas sociais de forma a sensibilizarem com os problemas do meio em que vivem. Valores são fundamentais para que as nossas crianças cresçam com espírito de cidadania e respeito à pluralidade do mundo em que vivemos. Crianças conscientes, educadas e colaboradoras permitem que o mundo seja melhor. Nessa tarefa de educar para a vida, nós, “educadores escolares”, convidamos os “educadores familiares” a caminharmos juntos no desafio de educarmos nossas crianças com o senso de respeito aos outros. Não podemos achar bonito os filhos que são brigões na escola, egoístas e espertões. Vamos ensiná-los que o verdadeiro sentido da vida não está em levar vantagem em tudo, mas sim em compartilhar e respeitar, e que isso não desfaz a ideia de estarem sendo preparados para serem pessoas de sucesso na vida. Aliás, o verdadeiro sucesso está em pessoas que venceram com ética e respeito ao próximo. A verdadeira liderança é aquela que respeita os liderados e se coloca a seu lado, mesmo que a decisão esteja com ela.
A cada dia, como pai e educador, me convenço de que educar não é nada fácil. Mas, todos os dias, quando acordo, encaro o desafio de buscar o melhor que há em mim para deixar para meus filhos e compartilhar com a minha equipe e os meus alunos. Tenho a certeza de que os senhores são parceiros em nossa caminhada de tal forma que ao chegarmos no final do ano letivo poderemos com o sorriso da felicidade dizer: “realizamos um bom trabalho”.
Nenhum comentário:
Postar um comentário